Entraves barram expansão do ensino a distância para o exterior
Exigências da legislação, entraves tecnológicos e a barreira da língua são desafios para o Brasil expandir o ensino a distância para o exterior, segundo especialistas ouvidos pelaFolha.
A lei brasileira determina que pelo menos 20% do curso de graduação seja presencial. Isso exige que haja tutores em outros países para dar suporte ao aluno de fora.
Em alguns cursos de pós-graduação, não há a exigência de um mínimo presencial.
Na FGV Online, pelo menos 3.000 estrangeiros já fizeram cursos desde 2003, principalmente da área empresarial, como gestão financeira e de projetos.
Muitos deles são europeus (alemães, italianos e portugueses), como o espanhol Carlos Badia, 28, gerente de projetos.
"O Brasil tornou-se uma marca valorizada internacionalmente. O mercado aqui oferece oportunidades profissionais", diz. "Oportunidades que não nos oferecem nossos países devido à crise."
Ed. de arte/Folhapress | ||
A maioria dos alunos estrangeiros acessou o material quando residia fora do Brasil, segundo Stavros Xanthopoylos, diretor-executivo do FGV Online.
Mesmo sem a exigência da presença física, ainda assim, estrangeiros ainda não chegavam a 1% do total de 120 mil alunos da FGV Online em 2011.
Outra barreira é a língua: nenhum curso de graduação ou pós é traduzido, o que exige do aluno um conhecimento prévio do português.
Para Xanthopoylos, que também é vice-presidente da Associação Brasileira de EAD (ensino a distância), outros países são mais flexíveis quanto ao presencial porque usam meios tecnológicos seguros para avaliar o aluno a distância.
"Estamos de alguma forma na contramão em relação à legislação e à necessidade de qualificação no país."
Já o presidente do Inep, Luiz Cláudio Costa, julga ser necessário o mínimo de 20%.
Coordenador dos projetos de EAD da USP, o professor Gil da Costa Marques orienta que cursos a distância busquem bons materiais, com vídeo (não só textos) e também salas virtuais com um docente plantonista para tirar dúvidas.
Marques orienta, ainda, sempre que possível, que possa haver aulas presenciais para troca de experiências entre estudantes e professores.
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