Reunião entre Mercosul e União Européia é adiada
Devem participar do encontro o diretor do Departamento de Negociações Internacionais do Itamaraty, embaixador Regis Arslanian, e o diretor geral de Comércio europeu, Karl Falkenberg.
O porta-voz de Comércio da UE, Peter Power, já afirmou que os dois blocos “estão prontos para discutir possíveis concessões”, mas os europeus não devem levar novas propostas ao encontro.
“Será uma reunião para avaliar a atual situação. As conversas com o Mercosul nunca foram abandonadas, mas muita coisa aconteceu desde o último debate que tivemos com eles”, disse à BBC Brasil.
Power negou que a reunião indique que a UE está buscando um caminho alternativo à Rodada de Doha, cujas negociações foram suspensas em julho passado. O porta-voz afirmou que o acordo com o Mercosul ainda depende dos resultados alcançados na OMC.
“Temos uma janela de oportunidade para chegar a um acordo em Doha entre novembro e março de 2007”, disse, referindo-se ao período em que se espera que o Congresso dos Estados Unidos revise sua atual lei agrícola. “Se esse momento não for aproveitado, as negociações bilaterais serão aceleradas”.
Concessões
As conversas entre Mercosul e UE foram paralisadas pelo mesmo motivo que impede um acordo na OMC. Os sul-americanos pedem maior abertura para suas exportações agrícolas, e os europeus cobram mais acesso para seus produtos nos setores de indústria e serviços.
Na última reunião entre os dois blocos, em março passado, o Mercosul se disse disposto a reduzir o prazo de 18 anos para liberalizar o mercado automotivo, o mais cobiçado pela UE. Em troca, pediu cota livre de tarifas para 300 mil toneladas de carne bovina e para 250 mil toneladas de frango anuais.
Bruxelas, por sua parte, pediu a abertura do mercado brasileiro para 353 produtos industriais considerados prioritários pelos exportadores europeus, além de uma maior liberalização do setor de serviços.
O comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, já anunciou que a revisão da política comercial da UE, em outubro, se centrará na defesa da abertura européia às importações.
“Isso é um bom sinal, mas não se refere especificamente à agricultura e essa é a área em que esperamos mais concessões”, afirmou o conselheiro da Missão do Brasil para a UE, Carlos Márcio Cozendey.
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