O que você faria com R$ 22 milhões?
Por desapego ao dinheiro ou por falta de noção do que significa tantos milhões, há quem se contente com R$ 20 mil para ampliar a casa no Pedra 90, como a auxiliar de serviços gerais, Ana Xavier. Persistência não lhe falta. "Jogo em todo sorteio e arrisco uns R$ 10, por vez", afirma.
Apesar da pouca idade, Rodrigo Andrey, 18, que faz cursinho com o sonho de ser médico fez uma "fezinha" ontem para tentar garantir a faculdade de Medicina, que não sai por menos de R$ 3 mil, por mês -, incluindo mensalidade e material -, mas não esquece da família. Cultura - Tem ainda quem vá até a lotérica, mas não revela seus sonhos ou ser fotografado. Caso ganhe o prêmio, se não souber administrar o psicológico e a vida financeira, talvez se torne impossível se manter no anonimato ou se esquivar da mídia.
A fortuna da Mega Sena alimenta os sonhos até mesmo daqueles que não jogam. É o caso do tucano Wilson Santos, prefeito de Cuiabá. Ele conta que já jogou na loteria e até na Mega Sena, mas há muito tempo não faz mais apostas. Acumular riqueza cultural em viagens pela Ásia e Europa, entre outros países, foi o que primeiro veio à mente do professor de História, quando viu o prêmio acumulado em mais de R$ 22 milhões.
Garantir uma aposentadoria, mesmo milionário, é outro sonho de consumo do professor. "Estou há 18 anos na vida pública e fui negligente nesse aspecto", confidencia, ao apontar como preocupação os estudos dos 3 filhos. Uma aposentadoria de R$ 10 mil, segundo ele, seria perfeita para a família de 4 pessoas. "Mas não jogo e, portanto, não sou concorrência pra ninguém", brinca o prefeito, que também diz sonhar com uma fundação para cuidar de crianças carentes.
O valor mencionado pelo prefeito como ideal de aposentadoria e o tamanho de sua família coincidem com o cálculo feito pelo consultor de Finanças Saulo Gouveia, 46, para a realidade de Cuiabá. Segundo Gouveia, que ajuda empresários e pessoas físicas a cuidar das finanças, R$ 10 mil é o ideal para manter o padrão de quem tem tem 2 carros e despesas como escola particular, plano de saúde e outros serviços comuns à classe média e média-alta.
A vida inteira - O consultor ajudou a transformar o prêmio milionário em "bens" de consumo e alertou que as compras a prazo são o que mais compromete a "saúde" financeira do brasileiro. "Além de perder o desconto isso gera uma bolha invisível no orçamento", alerta, ao apontar os japoneses e europeus como nações que sabem lidar com dinheiro.
Para ele, o brasileiro, a exemplo de outros povos de países emergentes, peca pelo imediatismo. "Se o brasileiro sonha com um carro novo, invés de poupar para comprar, ele financia. O problema é que ele quer trazer o futuro para o presente", critica, ao se referir aos juros embutidos na compra. O consultor orienta que a aplicação em imóveis, ativos e títulos (sem detalhar esses dois últimos) são os mais seguros e alerta, já que dinheiro é vendaval: "Quem fica milionário ou se especializa em finanças ou contrata alguém para isso". As apostas para o sorteio 801 da Mega Sena encerram hoje, às 19h (horário de Brasília) nas lotéricas.
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