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Agronegócios
Quinta - 21 de Setembro de 2006 às 14:00

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O primeiro leilão de venda do arroz de Mato Grosso neste ano será realizado amanhã pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e deverá disponibilizar cerca de 2,5% do estoque de grão estocado dentro do Estado pela companhia, ou seja, 5 mil toneladas (t) de um volume total de 230 mil/t

Segundo o presidente reeleito da Associação dos Produtores de Arroz de Mato Grosso (APA/MT), Ângelo Maronezzi, o leilão veio em um momento muito bom, já que irá atender às necessidades da indústria sem “bagunçar” o mercado. “A Conab foi inteligente ao realizar esse leilão nesse momento, já que o estoque da indústria está praticamente esgotado”, avalia.

Maronezzi afirma que dos estoques da indústria estadual – as cerealistas - restam cerca de 70 mil/t e a colocação de mais 5 mil toneladas nessa primeira fase dos leilões, oportuniza a comercialização.

Os preços adotados pela Conab estão dentro do padrão de mercado solicitado pela classe. Atualmente, segundo a APA/MT, a cotação do arroz em Sinop (503 quilômetros ao Norte de Cuiabá) está entre R$ 24 e R$ 25 e em Cuiabá oscila entre R$ 26 e R$ 27, cerca de R$ 1 a mais por conta do frete. Nesta safra pela avaliação da APA/MT, Mato Grosso produziu cerca de 800 mil/t do grão. “Vamos começar a plantar a próxima safra com mais tranqüilidade”, garante Maronezzi.

Durante a semana, a Conab realiza ainda outros pregões de venda com 35 mil/t de produtos de estoques públicos, entre eles a soja.

Indústria confirma baixo estoque

A indústria deverá ser a outra ponta beneficiada com a realização do primeiro leilão de arroz promovido pela Conab no Estado, como aponta o presidente do Sindicato da Indústria da Alimentação no Estado de Mato Grosso (Siamt), Marco Lorga.

Lorga diz que com a execução de leilões semanais a indústria deverá adquirir o produto, porém considera que os preços estipulados estão um pouco acima do preço de mercado, “mas as vendas da Conab ocorrem na hora certa”. E completa: “O governo federal foi coerente e a medida estimula o plantio da próxima safra e ainda reflete positivamente na manutenção do estoque”.

O dirigente sindical diz que a indústria está com os estoques zerados, e que se não houvesse um posicionamento do governo neste exato momento, o desabastecimento provocaria uma onda de demissões de cerca de 1,5 mil postos de trabalho. “Apesar de estar cerca de R$ 2 a R$ 5 reais acima do preço de mercado, o leilão zerará os estoques até o fim do ano, deixando o produtor na condição de plantar a safra 06/07 com tranqüilidade”, reafirma.

Segundo o superintendente da Conab em Mato Grosso, Ovídio Miranda, a hora certa indicada pela indústria e setor produtivo foi apontada pelos indicadores de mercado. “Nossos indicadores nos dão o parâmetro certo através do nosso dispositivo de estoque regulador”, explica. A Conab afirma que o leilão de amanhã será um termômetro para avaliar o comportamento do mercado, em que será disponibilizado a quantidade que a indústria necessitar.

Leilões

Durante toda esta semana, a Conab estará realizando outros pregões de venda que, sem contabilizar o arroz, serão mais 35 mil/t de produtos de estoques públicos. Ontem foi a vez das ofertas de 24,5 mil/t de milho produzidos no Rio Grande do Sul e 10,79 mil/t de trigo do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso do Sul.

Serão ofertadas também subvenções para 3 milhões/t de soja por meio do Prêmio de Equalização do Produto (Pepro) e do Prêmio Equalizador da Soja (Pesoja). O produto está estocado em 11 estados e será colocado em leilão hoje.

Custeio depende da tecnologia

Segundo a Associação dos Produtores de Arroz do Estado do Mato Grosso (APA/MT), o custeio para o arroz de terras altas no novo ciclo deverá exigir do agricultor que optar por um rendimento de 3 mil quilos, ou 50 sacas por hectare (ha) - R$ 924,93 mil.

Deste total, 26% serão aplicados na aquisição de defensivos e 30% com adubação. Dentro desta realidade, o custo de produção da saca (60 quilos) será de R$ 18,50. A projeção do preço ao produtor é de R$ 23 para a saca de 60 quilos no momento da venda.

Para o agricultor que puder investir um pouco mais em tecnologia para alcançar uma produtividade média de 4,5 mil quilos, ou 75 sacas/ha, o custo por hectare ficará em R$ 1,152 mil. Para alcançar essa produtividade, o produtor terá que investir em mais 140 quilos de adubo por hectare e melhorar o controle de doenças para ter assim um incremento na produtividade e na qualidade dos grãos.

A adubação irá representar 33% dos custos e os defensivos, 24%. Os custos por saca ficarão em torno de R$ 15,36.

Gargalos

Se a área não será expandida, isso significa que a nova safra se dará em terras consideradas velhas. E, segundo Maronezzi, o plantio vai requerer do produtor um investimento maior em adubação, entre outros insumos.

Esta necessidade esbarra em outro gargalo: a falta de crédito ao produtor que está endividado e sem dinheiro para investir em tecnologia.

As previsões à rizicultura apontam para a estabilização. Mato Grosso colheu nesta safra (05/06) cerca de 850 mil/t de arroz, após uma drástica redução de área da safra passada para a atual, de mais de 60%. Os cerca de 300 mil hectares (ha) desta safra serão mantidos, como afirma o presidente da APA/MT, Ângelo Maronezzi. “Nesta safra, mais do que nunca esbarramos na falta de crédito”.





Fonte: Olhar Direto

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