Koizumi faz as malas e envia último e-mail como primeiro-ministro

O primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, que deixará hoje a casa do chefe do Governo e se prepara para a transferência do cargo, na terça-feira, agradeceu aos cidadãos no último número de sua revista eletrônica chamada "Coração de Leão".

A mensagem em japonês intitulada "Obrigado pelos últimos cinco anos", enviada aos estrangeiros em inglês, se refere à solidão do poder e assegura que, apesar dos conselhos de assessores e especialistas, as decisões vitais de um governante são tomadas sozinho.

Koizumi faz uma retrospectiva satisfatória de seu Governo e assegura que tanto os elogios como as críticas recebidas, muitas através de e-mails, serviram para que ele pudesse desenvolver seu programa de reformas.

O chefe de Governo lembra que o primeiro editor de sua revista eletrônica foi seu sucessor, Shinzo Abe, que será eleito primeiro-ministro em 26 de setembro após ter vencido na quarta-feira as eleições internas para a Presidência do governamental Partido Liberal-Democrata (PLD).

Em uma aproximação à China, país que manifestou repetidamente sua indignação com as homenagens nacionalistas de Koizumi com visitas ao templo xintoísta de Yasukuni, o primeiro-ministro japonês se confessa admirador da sabedoria milenar chinesa.

Um provérbio do filósofo chinês Mêncio sobre como o homem é preparado para as grandes responsabilidades e fortalece seu caráter sofrendo durezas e frustrações "esteve perto do meu coração durante meu Governo", diz.

A revista eletrônica, cujo nome se refere ao estilo do cabelo de Koizumi, explica que o primeiro-ministro continuará apoiando Abe como parlamentar.

Koizumi, que na primeira edição de sua revista eletrônica em 2001 se descreveu como "um pássaro em uma jaula 24 horas ao dia", disse aos jornalistas que não sentia nenhum pesar por abandonar a chefia do Governo: "Finalmente serei livre".