Mal de Alzheimer; vida em um mundo paralelo
Organizar o sistema de saúde dos países para atender às demandas de uma população cada vez mais envelhecida. Esse é um dos objetivos do Dia Mundial da Doença de Alzheimer (realizado hoje), instituído há 10 anos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Associação Internacional de Alzheimer (ADI).
Ninguém está livre de ter a doença, que não tem cura, nem estudos científicos que identifiquem as causas do seu aparecimento.
Em 2025 - Estima-se que existam cerca de 20 milhões de casos em todo o mundo. Até 2025, especialistas acreditam que mais de 34 milhões de idosos possam ser atingidos, o equivalente a 70% da população mundial. Só no Brasil esse número é de pelo menos 2 milhões (1,2 milhão diagnosticados). Pelo menos 5% das pessoas acima de 60 anos podem, no futuro, desenvolver a doença.
O mais preocupante é que a parcela da população idosa brasileira vem aumentando progressivamente, a partir dos anos 70. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número de brasileiros nesta faixa etária soma mais de 14,5 milhões de pessoas.
O neurologista Anderson Kuntz ensina que podem existir maneiras e condições de melhorar o dia-a-dia do idoso com demência. "A idéia é proporcionar carinho e apoio físico e emocional, promovendo uma maior segurança e evitando ou minimizando tensões, isto começa pela organização da casa".
Como não existem meios de bloquear a evolução da doença, apenas retardá-la, a família deve se adaptar. Assim como o paciente, marido, esposa e filhos também necessitam de apoio psicológico para enfrentarem os momentos de sofrimento.
Para o cardiologista paulista Jorge Safi, embora existam fatores ligados à hereditariedade, as pessoas podem criar mecanismos que afastem o problema, entre eles, exercício físico e mental diário. "Tem que abolir a calculadora. Manter a leitura atualizada, fazer palavra cruzada, caminhar, participar de grupos de discussão, continuar fazendo os serviços de casa e de banco". Cuidar a saúde desde a juventude é muito importante, pois pressão alta, tabagismo, uso de bebida alcóolica e diabetes se não tratados podem desencadear a doença.
A Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) pode orientar quanto à grupos de ajuda e médicos. Os telefones são: 0800 55 1906 ou (11) 3237-0385 e
Amor target=_blank>www.abraz.org.br.
Amor e carinho - Dedicação em tempo integral. Momentos de incerteza e medo. Para cuidar da mãe com alzheimer, a artista plástica Adiles Godoy, 54, precisa de paciência e tolerância. "Parece que ela voltou a ser criança, repete várias vezes a mesma coisa, não consegue se expressar bem, só fala no passado e se não cuidar, ela desaparece, a porta precisa permanecer trancada sempre".
Os primeiros sinais da doença apareceram há 20 anos. Na época, os filhos não imaginavam se tratar de algo tão sério, uma doença progressiva e devastadora. "Mas os problemas foram ficando frequentes, pagava várias vezes o aluguel no mesmo mês, perdia parte do dinheiro da aposentadoria, o esquecimento passou a ser frequente".
Cuidado em dobro - Adiles explica que Odines Oliveira Borges, 84, veio morar definitivamente com ela, há alguns meses, para evitar que algo pior aconteça e também a aproximação de aproveitadores. Sem ter noções de espaço e tempo, a idosa sai de casa sem avisar e vai embora com qualquer pessoa da rua, também não consegue dizer onde mora. As únicas recordações vivas estão em um passado distância, nas fases de infância e adolescência, junto com o pai e a mãe. "A todo momento ela questiona se o pai e a mãe morreram, que está com saudade deles".
A artista plástica se mostra triste diante da situação da mãe, principalmente pela vulnerabilidade que o quadro apresentada. Sabe que nunca poderá deixá-la sozinha. A falta de memória é outro ponto que machuca em determinados momentos. Mesmo de corpo presente, é como se Odines estivesse vivendo uma realidade paralela e não compartilhe da mesma maneira o convívio com a família, os netos e bisnetos. (RD)
Comentários