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Internacional
Quinta - 21 de Setembro de 2006 às 03:12

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Depois de falar contra o domínio global dos Estados Unidos na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas nesta semana, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, reuniu-se com alguns de seus maiores críticos norte-americanos para debater temas como o programa nuclear iraniano e sua negação do Holocausto.

O evento fechado de 90 minutos aconteceu na noite de quarta-feira e foi organizado pelo influente Conselho de Relações Internacionais. Segundo o jornal The New York Times, a reunião foi boicotada por líderes de diversos grupos judaicos.

Segundo o Times, Ahmadinejad disse que "os EUA não falam em nome do mundo inteiro" com sua oposição ao programa nuclear do Irã. De acordo com o jornal, Robert Blackwill, ex-assessor nacional de segurança do governo George W. Bush, questionou depois do encontro a possibilidade de negociações com o governo de Ahmadinejand.

"Se este homem representa a opinião prevalecente em Teerã, estamos a caminho de um grande confronto com o Irã", disse Blackwill.

O encontro representou a tentativa de mais alto nível de realização de um diálogo Irã-EUA, mesmo com os dois governos trocando declarações fortes sobre armas nucleares, terrorismo e segurança do Oriente Médio.

"Minha sensação foi a de que, em princípio, ele está aberto a um relacionamento com os EUA, mas deseja que os EUA tomem a iniciativa", disse à Reuters Richard Haas, presidente do conselho e ex-autoridade do Departamento de Estado norte-americano no governo Bush.

Ahmadinejad, que assumiu em 2005, "parece gostar da prática de dar e receber" no combate intelectual com o grupo de 19 membros do conselho, disse Haass. "O fato de o encontro ter acontecido já é muito significativo".

Ahmadinejad foi questionado sobre sua persistência em descrever o Holocausto como um mito, sobre a insistência de Teerã em enriquecer urânio quando pode ter acesso a energia nuclear sem fazer isso e sobre o fechamento de alguns jornais iranianos.

Segundo o Times, cujo repórter David Sanger participou do encontro como convidado, Ahmadinejad questionou repetidamente as evidências do Holocausto, em que 6 milhões de judeus foram mortos pelos nazistas. Ele citou os 60 milhões de mortos na Segunda Guerra Mundial e perguntou: "Por que é dada tanta proeminência para uma pequena porção destes 60 milhões?"

Em discussão sobre o conflito entre Israel e palestinos, ele perguntou, ainda de acordo com o Times, por que os palestinos devem ser requisitados a "pagar por um evento da Segunda Guerra com o qual não tiveram nada a ver".

O conselho não divulgou a lista de participantes.

Participantes disseram que o grupo incluía, além de Blackwill, Brent Scowcroft, que foi assessor nacional de segurança no governo de Bush pai; o ex-embaixador dos EUA em Israel Martin Indyk e o ex-oficial do Pentágono Ashton Carter, que serviram durante o governo Clinton.

Segundo Haass, nenhuma autoridade que está atualmente no governo participou do encontro.

EUA e Irã não têm relações diplomáticas desde a revolução islâmica de 1979. Desde então, as tentativas de diálogo tiveram poucos frutos. A crise sobre as ambições nucleares do Irã provocaram novos pedidos por diálogo.

Sob pressão, Bush concordou a entrar em negociação, ao lado de grandes potências, se o Irã suspender o enriquecimento de urânio. Os EUA e seus aliados dizem que o programa iraniano visa a produzir armas nucleares. Teerã insiste que o objetivo é produzir energia elétrica.





Fonte: Reuters

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