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Saúde
Quinta - 21 de Setembro de 2006 às 01:29

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Implantes dentários já não são novidade no Brasil, mas o desenvolvimento de novas técnicas e materiais é constante. Por isso chega ao Brasil ainda este mês um dos mais modernos recursos em implantodontia mundial: os chamados implantes com superfície SLActive. O lançamento dessa nova tecnologia acontece, em São Paulo, entre os dias 21 e 23 de setembro durante o ITI Brazil Congress - Mudando os Paradigmas da Implantodontia, evento do International Team for Implantology que, desde 2004, possui uma ramificação no Brasil. O ITI é uma associação acadêmica independente, sem fins lucrativos, que une profissionais do mundo inteiro de todos os campos da implantodontia e regeneração dos tecidos orais.

Esse congresso reunirá ministradores mundialmente reconhecidos vindos da Europa, Estados Unidos e Brasil. Pela primeira vez juntos no país estarão o Prof. Dr. Daniel Buser, Prof. Dr. Urs Belser, Profa. Dra. Barbara D. Boyan, Prof. Dr. German O. Gallucci, Prof. Dr. Gil Alcoforado, Prof. Dr. Hessam Nowzari, Prof. Dr. Winston Chee, o presidente eleito da Academy of Osseointegration, Prof. Dr. Steve Lewis, e seus colegas brasileiros. "Os temas foram escolhidos com todo o cuidado para que todos os profissionais participantes tenham a oportunidade de se atualizar da maneira mais abrangente com o que há de mais moderno e cientificamente comprovado na área de implantodontia", afirma João Antônio Dosualdo, coordenador do programa de reabilitação oral em áreas posteriores. "Cada dia será dedicado a temas específicos da implantodontia, trazendo aos profissionais novas técnicas e produtos usados em todo o mundo", explica.

O implante

Em 1991, o Grupo ITI avaliou a influência na osseointegração de novas formas de superfície de implantes de titânio. Vários tipos de topografia de superfície, obtidas através de diferentes métodos foram testadas.

A superfície SLA – Sand-blasting, Large grit, Acid etched - criada através de jato de sílica seguido de condicionamento ácido, obteve o melhor índice de contato ósseo, reduzindo o tempo de osseointegração para 45 dias.

Devido às suas macro e micro rugosidades, a superfície SLA proporcionou aumento da taxa de osseointegração e diminuição do tempo de carregamento em 50%, quando comparada à superfície de plasma spray de titânio TPS. A superfície SLA levou à redução do período de cicatrização de três meses, obtido com a superfície TPS, para seis semanas.

As superfícies SLA e SLActive utilizadas pelo Grupo ITI atualmente possibilitam um prognóstico mais favorável em situações onde a qualidade óssea é ruim (osso extremamente poroso) e nas aplicações mais complexas como nos casos de carga imediata. Dessa maneira o desenvolvimento de todas essas superfícies visou não apenas a redução do tempo de osseointegração e a redução do tempo de tratamento, mas também um desenvolvimento na interação entre a superfície metálica do implante e o tecido ao seu redor. “Com o desenvolvimento dessa nova superfície (SLActive) existe uma aceleração no processo de reparação, promovendo uma interação biológica entre o implante e o osso ao seu redor, desde a segunda semana de sua instalação”, explica Dosualdo.

Ao lado da forma a modificação química da superfície é outra variável importante na aposição óssea (velocidade de crescimento ósseo sobre a superfície do implante), uma vez que essa modificação química influencia a densidade de carga de superfície e sua “molhabilidade” (hidrofilia). A hidrofilia, uma característica diretamente dependente da energia de superfície, influencia o nível de contato de um biomaterial com as células presentes no tecido onde ele é inserido. Assim, o aumento da hidrofilia promove uma maior interação entre a superfície do implante e o ambiente biológico ao seu redor.

A fabricação do produto

A produção da superfície SLActive utiliza o mesmo procedimento inicial da fabricação da superfície SLA, porém os implantes com essa nova superfície são fabricados por robôs em um ambiente fechado especial com atmosfera de nitrogênio e mantidos em solução isotônica de Cloreto de Sódio, que protege a superfície pura do titânio contra a contaminação por carbonatos e componentes orgânicos que ocorrem naturalmente na atmosfera, preservando assim a pureza da superfície e a sua reatividade. Essa nova superfície inaugura a aplicação da Nanotecnologia na Implantodontia. A nanotecnologia estuda materiais e processos capazes de diminuir máquinas e sistemas à razão microscópica.

A propriedade hidrofílica dessa nova superfície promove a absorção direta das proteínas presentes no sangue. Isso garante que o processo biológico natural de formação óssea se inicie o mais precocemente possível. A superfície ativada atrai proteínas presentes no sangue, formando uma densa camada. A seguir as plaquetas se aderem a essa camada de proteínas, formando uma rede de fibrina. Essas moléculas atraem células mesenquimais, iniciando o processo de formação óssea. Na seqüência, pré-osteoblastos se unem à superfície do implante e gradualmente se diferenciam nas células formadoras de osso, os osteoblastos. Forma-se então uma matriz óssea não mineralizada. No estágio final, da osseointegração, a matriz óssea é mineralizada, assegurando a estabilidade secundária do implante no osso. “Nos estudos realizado pelo ITI, a nova superfície batizada de SLActive demonstrou um intenso contato osso-implante nas 2ª e 4ª semanas de cicatrização, quando comparada com a superfície SLA original, possibilitando uma carga precoce nessa fase”, atesta Dosualdo.

Com mais de 30 anos de experiência clínica, quatro características básicas não foram alteradas na filosofia original do grupo ITI. Primeiramente, o sistema de implantes baseia-se no princípio da osseointegração, demonstrado nos anos 70 por Schroeder e colaboradores. Esses estudos histológicos mostraram que implantes de titânio não submersos alcançam ancoragem anquilótica no osso, caracterizada pelo contato direto osso-implante. Essas observações com esses tipos de implantes foram confirmadas por inúmeros estudos experimentais.

Em segundo lugar os implantes são feitos de titânio CP (comercialmente puro), material de escolha para a confecção de implantes dentais, em virtude de suas excelentes propriedades biológicas e biomecânicas. A fim de melhorar as condições físicas e biomecânicas, utiliza-se titânio trabalhado a frio, grau quatro.

Em terceiro lugar, os implantes ITI foram caracterizados por sua superfície microporosa recoberta por plasma spray de titânio em sua porção de ancoragem óssea. Vários estudos em animais demonstraram claramente que a superfície de titânio coberta por TPS melhorou significativamente a ancoragem no osso, documentados por um percentual crescente de contato osso-implante e valores de torque de remoção significativamente maiores comparados com a superfície de titânio usinado. Em seguida, as pesquisas indicaram uma maior redução no tempo de cicatrização, com o desenvolvimento de uma superfície jateada e com ataque ácido. Mais recentemente, com a modificação química dessa superfície, foi demonstrada a possibilidade de uma maior interação entre a superfície do implante e o ambiente biológico ao seu redor, tornando possível uma redução ainda maior no tempo de cicatrização. Essa melhora na ancoragem óssea torna possível um período de cicatrização mais curto, assim como a possibilidade de utilização de implantes mais curtos e o aumento da taxa de sucesso em regiões de baixa qualidade óssea.

Em quarto lugar, os implantes ITI foram caracterizados pelo procedimento de um estágio cirúrgico, utilizando técnica de cicatrização não submersa. Vários estudos experimentais e clínicos demonstraram que implantes de titânio não submersos alcançam integração tecidual bem sucedida tão previsível como os submersos. Essa técnica oferece várias vantagens clínicas, como a não necessidade de uma segunda etapa cirúrgica, um período cicatricial mais curto, com custos reduzidos, proporção coroa raiz mais favorável e acesso direto ao ombro do implante ao nível de tecido mole, permitindo uma técnica protética simples, com a possibilidade de confecção de restaurações cimentadas. Em situações de comprometimento estético, os implantes ITI são usados com sucesso também como implantes submersos ou semi-submersos.

EMDOGAIN

Junto ao SLActive, outra técnica na área de regeneração periodontal vem fazendo presença nos consultório do Brasil. Trata-se da aplicação do produto denominado EMDOGAIN (Enamel Matrix Derivative Organ + Gain). “Esse produto foi aprovado na Europa em 1995 e pela FDA (Food and Drugs Administration), nos EUA, em 1996”, afirma João Antônio Dosualdo, periodontista de São José do Rio Preto.

O EMDOGAIN é uma proteína do esmalte que induz a formação dos tecidos periodontais ao redor das superfícies radiculares. Estudos científicos demonstraram a importância e o papel da proteína do esmalte tanto na formação do cemento acelular como também na regeneração desse cemento radicular. “A regeneração dos tecidos periodontais (cemento, ligamento periodontal e osso alveolar), destruídos pelo processo inflamatório da doença periodontal é um dos objetivos principais do tratamento periodontal”, alerta Dosualdo.

Como funciona

O EMDOGAIN, na forma líquida, tem um pH não neutro e permite uma precipitação gradual quando as condições fisiológicas são restabelecidas. Isso quer dizer que ele se fixa ao local do tratamento de forma mais fácil e rápida.

O procedimento cirúrgico é normalmente realizado com incisões. Essas incisões devem preservar o máximo possível do tecido conjuntivo gengival. A manutenção da viabilidade das células periodontais é feita com contínua irrigação de solução salina.

O tecido de granulação é removido da lesão periodontal e do defeito ósseo, para melhor acesso e visualização. Raspagem dental e alisamento radicular são então iniciados até que uma superfície radicular lisa e livre de placa e calculo dental seja obtida.

Depois de uma limpeza com produtos próprios o EMDOGAIN é aplicado na superfície radicular, iniciando-se a aplicação na área mais profunda do defeito ósseo. É essencial que o total fechamento do retalho gengival na área seja obtido com a sutura do retalho periodontal.

Ao término da cirurgia os cuidados pós-operatórios são os mesmos que em uma cirurgia periodontal convencional. Os pacientes são instruídos para o uso de lavagem bucal com solução de clorexidine durante três a seis semanas.

A técnica para a aplicação do EMDOGAIN é bastante simples e não altera o tempo da cirurgia periodontal.

Em um estudo no tratamento de pacientes com defeitos periodontais infra-ósseos, a aplicação de EMDOGAIN demonstrou um ganho no nível ósseo de 2,2 mm quando comparados com os lados cirúrgicos que não receberam o tratamento com este material, em avaliação radiográfica por um período de oito a 36 meses.

O tratamento dos defeitos resultantes de recessões gengivais continua sendo um foco crescente na terapia periodontal. Atualmente os pacientes buscam mais o alívio para a sensibilidade decorrente da exposição do colo dental. “Em conjunto com técnicas de cirurgia plástica periodontal, o uso de EMDOGAIN oferece uma solução baseada em princípios biológicos que restaura a estética, proporcionando a regeneração dos tecidos periodontais perdidos”, finaliza João Dosualdo.

Serviço: ITI Brazil Congress Teatro Alfa Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, São Paulo.

Grade Científica 21/09 - Plano de tratamento - coordenação do Prof. Dr. Evandro S. Amarante 22/09 - Reabilitação oral em áreas posteriores - coordenação do Dr. João Antônio Dosualdo 22/09 - Tratamento clínico de pacientes desdentados totais - coordenação da profª. Drª. Suzelei Izzo Forger 23/09 - Reabilitação em áreas estéticas - coordenação do Dr. João Garcez Filho e do Prof. Dr. Eduardo Feres Filho





Fonte: Olhar Direto

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