Periferia comprava açúcar roubado

Cerca de 12 toneladas do açúcar - que era parte de uma carga de 200 toneladas do produto desviada da Usina Pantanal - foram apreendidas neste fim de semana no comércio da Grande Cuiabá. Policiais da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos (DERFVA) localizaram o produto em pequenos mercados. Chamou a atenção o fato de muitos pacotes de dois quilos estarem sendo colocados em sacolões, embalados em fundos de casas e revendidos em bairros periféricos.

Além das embalagens de dois quilos, os policiais apreenderam 15 sacos de 50 quilos que seriam vendidos para grandes consumidores como sorveterias ou padarias.

O açúcar faz parte da carga de 200 toneladas do produto que tinha sido desviada da cidade de Jaciara (município localizado as margens da BR 364, a 140 quilômetros da Capital) no dia 28 do mês passado.

Na semana passada, os policiais localizaram a carga num barracão no Distrito Industrial, em Cuiabá. Ao contar o produto, os policiais descobriram que só havia 120 toneladas – o restante já havia sido vendido.

Conforme informação dos policiais, o açúcar foi reembalado com a utilização de embalagens da empresa Tio Chico. A maior parte dos pacotes apreendidos em mercados e comércios de sacolões, estava com a nova embalagem. “Essas chamadas fábricas de sacalões funcionam em residências. Eles compram os produtos, embalagem e revendem”, explicou a delegada.

Segundo os policiais, a carga deveria ser entregue a uma transportadora numa cidade de Rondônia, mas acabou desviada. No barracão, os policiais detiveram Luiz de Souza, 27 anos e Benedito Matos Santana, 23 anos - que foram presos por receptação e formação de quadrilha.

A delegada Vera Rotilde, responsável pela apreensão, explicou que os desvios de cargas desta natureza envolvem o uso de carretas com placas dublês. O caminhoneiro chega com o veículo e o dono da empresa acredita estar diante da carreta contratada, mas acaba descobrindo depois que se trata de ladrões.

Como as empresas não realizam revistas rigorosas, pois não é necessário conferir os chassis, os bandidos acabam enganando as empresas e furtando as cargas.

“A vítima, no caso a empresa, só percebe que foi vítima de um golpe quando o caminhoneiro contratado aparece para buscar a carga. Em alguns casos, os bandidos antecipam o transporte em vários dias ficando difícil a recuperação dos produtos”, explicou. Os criminosos usaram cinco carretas para levar todo o açúcar e o estocar em um depósito no Distrito Industrial.