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Internacional
Quarta - 20 de Setembro de 2006 às 10:13

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Marcelo Nagy Budapeste, 20 set (EFE).- Pelo menos 69 pessoas ficaram feridas, com quatro policiais em estado grave, na segunda noite de confrontos entre manifestantes e as forças de segurança húngaras na madrugada de hoje, em Budapeste.

Os protestos contra o primeiro-ministro Ferenc Gyurcsány reuniram hoje cerca de 10 mil pessoas em uma manifestação pacífica, mas, por volta da meia-noite, um grupo de radicais voltou a recorrer à violência e ao vandalismo, sem fazer reivindicações políticas.

Várias pessoas que tomaram a palavra no palco montado na praça Kossuth, em frente ao Parlamento, pediram aos manifestantes que evitassem repetir os tumultos da noite anterior. Ainda assim, cerca de 500 pessoas tomaram o edifício da rádio pública e da sede do Partido Socialista (MSZP, governante).

Nos últimos dois dias de manifestações, cerca de 220 pessoas ficaram feridas, entre eles vários policiais, alguns em estado grave.

Gyurcsány alertou hoje durante a reunião do gabinete ministerial que "não haverá nenhuma tolerância em relação aos radicais", e acrescentou que os indivíduos que cometem atos violentos não defendem idéias políticas.

O primeiro-ministro húngaro ressaltou que "há ordem em Budapeste e na Hungria, e a Polícia defendeu a população esta noite. Agradeço a eles o que fizeram".

Gyurcsány reiterou que não renunciará, como já havia afirmado na terça-feira, e acrescentou que "continuaremos com nossa tarefa sem dar um passo atrás".

O vice-presidente do Parlamento, o conservador Áder János, do Fidesz - principal partido da oposição -, afirmou hoje à televisão pública que "o Governo de Gyurcsány terá que abandonar o poder".

Também ressaltou que o primeiro-ministro não só mentiu à população durante a campanha eleitoral, mas reagiu às denúncias "de modo cínico e vergonhoso".

Os manifestantes redigiram uma carta enviada hoje a 21 embaixadas credenciadas em Budapeste, na qual exigem a saída do poder do "Governo ilegítimo do Partido Socialista e da Aliança de Democratas Livres em 48 horas".

O objetivo, segundo disseram, é dirigir-se à opinião pública internacional através das representações diplomáticas.

Os signatários da carta também pedem aos representantes parlamentares húngaros que declarem sua desconfiança diante do trabalho do Governo, e chamem os trabalhadores de serviços de segurança e de outras Forças Armadas a se unirem à iniciativa para "bloquear" o trabalho governamental do Executivo.

Na madrugada de hoje, os manifestantes queimaram uma viatura da Polícia e colocaram barricadas com latas de lixo e outros objetos.

Os incidentes continuaram até as 3h45 de hoje (22h45 de ontem em Brasília).

György Lasz, diretor da empresa de segurança privada IN-Kal, que ajudou a Polícia nesta madrugada, disse que 99% dos manifestantes "são extremistas conhecidos, torcedores dos times de futebol de Ferencváros, Ujpest e Debrecen".

Os protestos contra o Executivo social-democrata começaram após a difusão de uma gravação de áudio neste domingo, na qual o chefe de Governo admitiu ter mentido aos eleitores sobre a desastrosa situação econômica do país para ganhar as eleições legislativas de abril.

Os manifestantes exigem a renúncia de Gyurcsány, que na gravação reconhece diante da cúpula do Partido Socialista, em 26 de maio, que "mentimos durante um ano e meio" sobre a crise econômica nacional.

"Fizemos tudo em segredo para que nada fosse publicado antes das eleições", admitiu Gyurcsány na gravação.

Hoje, o Papa Bento XVI expressou sua preocupação pela situação na Hungria e seu desejo de que todas as partes encontrem uma solução "justa e pacífica".

"Com preocupação acompanho as notícias que chegam da Hungria.

Peço ao Senhor que todas as partes encontrem uma solução justa e pacífica", afirmou o Pontífice na saudação dirigida aos húngaros que assistiram à audiência pública das quartas-feiras na Praça de São Pedro.

Falando em húngaro, o Papa encorajou os cidadãos húngaros e pediu a intervenção da religiosa Sara Salkahazi para tentar colocar fim aos conflitos ocorridos durante os protestos contra o primeiro-ministro húngaro.





Fonte: EFE

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