Bolívia rejeita relatório dos EUA sobre drogas

O governo da Bolívia qualificou nesta terça-feira como equivocada uma avaliação de Washington sobre a luta antidrogas no país andino e disse que cumprirá suas metas de redução de cultivo de coca independentemente das pressões norte-americanas.

A política da cocaína zero, porém com produção de coca seguirá adiante, porque demonstrou ser eficaz para combater o narcotráfico e manter um clima de paz social, disse a jornalistas o porta-voz governamental, Alex Contreras.

"A leitura que o governo dos Estados Unidos tem a respeito da política antidrogas em nosso país é absolutamente equivocada", declarou o porta-voz e colaborador estreito do presidente Evo Morales, líder surgido dos sindicatos de produtores de coca, matéria-prima para a cocaína.

Ele acrescentou que o governo de La Paz estava convencido de que alcançará êxito na luta contra as drogas, preservando os usos naturais da coca como medicamento, alimento e produto ritual.

Em um relatório sobre a luta contra o narcotráfico em todo o mundo, o presidente dos EUA, George W. Bush, disse na segunda-feira que a política do governo de Morales, que assumiu em janeiro, permitiu a expansão do cultivo de coca.

O relatório desconhecia, aparentemente, os números do governo boliviano sobre erradicação de mudas de coca e assinalou que este trabalho havia sido retomado, lentamente, há apenas cerca de dois meses.

Washington acrescentou que espera que a Bolívia alcance em seis meses a erradicação de 5 mil hectares, anunciando uma nova avaliação para março de 2007.

"Os Estados Unidos estão acostumados a impor à Bolívia alguns critérios em uma luta contra as drogas que tem sido uma guerra falsa, uma guerra contra os camponeses e não contra os narcotraficantes, nem contra o consumo em quase 20 anos", afirmou o porta-voz boliviano.