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Economia
Terça - 19 de Setembro de 2006 às 09:00
Por: Mariano Pers Franco

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Diretoria da usina Cuiabá explica que gás natural tem sido despachado desde a última 6ª, mas incertezas ainda existem

A Usina Termelétrica Governador Mário Covas - ou “Cuiabá I” – operada pela Empresa Produtora de Energia LTDA (EPE), retoma as operações nesta manhã, depois de 20 dias de paralisação. Desde a última sexta-feira, dia 15, a planta vem recebendo em média cerca de 600 mil metros cúbicos ao dia (m³), volume aferido até o final da tarde de ontem.

Com menos de 30% do volume contratado, a usina estará operando com carga mínima de 135 megaWatts (MW), que deverá ser absorvida pelo mercado interno energético. A planta tem capacidade instalada de 520 MW e, quando em plena capacidade, pode responder por cerca de 50% da demanda mato-grossense.

Apesar das condições atuais que possibilitam a operação, a diretoria da EPE não sabe por quanto tempo será possível gerar energia, justamente pelo fornecimento precário do insumo que vem sendo registrado desde abril.

O responsável por assuntos regulatórios da EPE, Fábio Garcia, explica que até ontem no final da tarde a previsão era de retomada da planta. “Se os despachos de gás natural, por parte da Bolívia, se mantiverem durante toda a noite e neste volume, pelo menos, teremos condições de operar. Vale ressaltar que o problema com os bolivianos - ou seja, o cumprimento de um contrato firme para o fornecimento de 2,2 milhões m³/dia à usina - não está resolvido e trabalhamos com incertezas. Não sabemos até quando a operação será possível e nem quanto gás vamos receber no dia seguinte”, alerta completando: “Como o problema não está solucionado, não há garantias de um fornecimento contínuo para Mato Grosso. Existem apenas incertezas”, exclama.

Garcia explica que com os despachos seguidos há quatro dias foi possível recuperar a pressurização do gasoduto. “Porém, qualquer interrupção ou redução nos volumes interrompe a geração, afinal, estamos em capacidade mínima”.

Mesmo retomando a operação, Garcia reforça que a usina está operacionalmente preparada para reverter a matriz energética e gerar energia por meio do óleo diesel. “Mas ainda esbarramos nas questões comerciais, que seguem sem definição”. De acordo com o diretor da EPE, Carlos Baldi, a geração a diesel é dez vezes mais cara, se comparada aos custos do gás natural.

A EPE, por razões contratuais que exigem o sigilo sobre algumas informações, prefere não se pronunciar com relação aos possíveis prejuízos financeiros registrados nas últimas semanas por conta da paralisação.

REPERCUSSÃO – De acordo com o gerente de comunicação da concessionária local de energia, Rede Cemat, Fernando Luna, “a notícia de retomada das operações da usina são bem-vindas, pois trazem consigo a confiabilidade do produto energia. Porém, se não é uma volta efetiva, há a preocupação, sem dúvida”. Ele não soube passar informações a respeito dos volumes redirecionados ao Estado, pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) por conta da desativação de mais de duas semanas da Usina Cuiabá I.

O Diário procurou a assessoria do Operador, no Rio de Janeiro, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição, por volta das 20h. Devido ao baixo volume hídrico das usinas hidroelétricas mato-grossenses e a demanda energética elevada com a baixa umidade, o ONS tem exportado energia do Sistema Interligado Nacional (SIN) para Mato Grosso. Somente o órgão tem condições de mensurar os volumes desta oferta diária. Luna explica que o problema, com a ausência da usina, se concentra nos horários de pico, entre o meio da tarde e início da noite: “É quando mais precisamos da atuação do ONS”.

HISTÓRICO – No dia 23 de agosto a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) - a estatal boliviana de petróleo - confirmou que houve decisão política para suspender o fornecimento de gás natural ao Estado. A última carga de gás à usina foi remetida no dia 25 de agosto e tinha o volume 10% inferior ao que está contratado pela EPE com uma empresa daquele país. Por falta de estoques nos dutos, a usina paralisou as atividades no dia 30 do mês passado.





Fonte: Diário de Cuiabá

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