Ibope: jovens cariocas "ignoram" princípios éticos
Os números assustam: 39% dos adolescentes responderam que muitos jovens de sua idade fazem "pegas" de carros. A maioria, 57%, assume que vive o aqui e agora, sem se preocupações com o futuro.
O estudante P.F., 18 anos, reconhece ter utilizado carteira de identidade que não era a sua aos 14 anos: "O filme que eu queria ver com os meus amigos era para maiores de 16. Não pensei duas vezes e peguei a identificação do meu primo. Não ia deixar de assistir". Uma parcela de 36% dos entrevistatados crê que essa é a atitude da maioria dos jovens.
"Colar na prova também é cultura". Assim é entitulada comunidade no Orkut (site de relacionamento) adotada por quase mil jovens. Nela, os adolescentes contam, com orgulho, como fazem para driblar a vigilância de seus professores na escola. De acordo com a pesquisa do Ibope, 62% dos jovens entrevistados admitiram que colar é prática da maioria.
Faltam limites Para o terapeuta familiar Moisés Groisman, autor do livro "O Código da Família", esse comportamento se deve à falta de freio dentro da própria casa. "Sendo assim, eles ficam sem limites do lado de fora também", analisou o especialista. Segundo ele, o relacionamento entre o adolescente e os pais se reflete nas atitudes do jovem em todos os aspectos sociais de seu dia-a-dia.
Necessidade de aceitação em grupo Pesquisadores também perguntaram aos jovens sua opinião sobre quem acha uma carteira recheada de dinheiro e não se dá ao trabalho de identificar o dono para devolvê-la. Para 36% deles, esse é o comportamento de muitos adolescentes, também aceito por 16% dos entrevistados. Para 29%, quem tem ética é passado para trás e vale atropelar alguém para obter sucesso.
A comunidade do Orkut "Para quem curte pega de carro" tem 472 membros cadastrados. "Pô, é muito bom fazer 360 e 720 (cavalo-de-pau)", escreveu um deles.
Para a psicóloga Cláudia Bueno Silveira algumas condutas refletem a necessidade do jovem de ser aceito em grupos. "Quando vale qualquer coisa para 'pertencer', pais precisam se preocupar com os valores que os filhos estão adquirindo".
Comentários