RJ: diabética fica uma semana sentada em hospital
"Minha irmã tinha que estar deitada e com os pés para cima e não naquela cadeira, onde come e dorme, dia e noite. Meu pai também era diabético e, há três anos, perdeu a perna porque deu gangrena. Não quero que isso aconteça com ela", lamenta o irmão da paciente, João Santana, 48 anos.
Num espaço improvisado, cada doente tem seu nome e prontuário fixado na parede por um esparadrapo. Aos 62 anos, a pensionista Iracy de Souza Ferreira ocupa uma maca num dos corredores desde domingo.
"Ela caiu e quebrou o fêmur, mas já avisaram que não tem previsão para operar. Ela não consegue se mexer porque está com o osso solto e tem muita dor. O pior é que não tenho condição de transferi-la para outro hospital. Acho que os da Baixada são pioresA, diz a filha Oseane Ferreira, 27 anos, moradora de Duque de Caxias (RJ).
Contra o tempo A dona de casa Maria da Penha Bezerra, 58 anos, que é cunhada de Josefa, conversou com um dos médicos e soube que parte do pé da paciente já estava necrosada em função da infecção decorrente da diabetes. "Perguntei para ele se havia risco de minha cunhada perder o pé e ele respondeu que, por enquanto, não. O que eles estão esperando: que ela perca o pé?", revoltou-se ela.
Antes de ser internada no Hospital do Andaraí, Josefa tentou atendimento em dois hospitais: Salgado Filho, municipal, e Carlos Chagas, estadual. A assessoria do Hospital do Andaraí afirma que o quadro da paciente é de infecção e que ela está sendo tratada com antibióticos. A unidade diz que ela não necessita de intervenção cirúrgica e que a prioridade é de pacientes mais graves.
Iaserj corre risco de fechar O caos afeta também a rede estadual. O Hospital Central do Instituto de Assistência aos Servidores do Estado (Iaserj) pode suspender internações e dar alta aos pacientes internados na unidade a partir de hoje, segundo o Sindicato dos Médicos.
"O caos está instalado e os doentes totalmente abandonados à própria sorte. O Serviço de Clínica Médica não tem suporte para permanecer internando e acompanhando pacientes", relata a chefia do serviço em documento enviado ao sindicato.
"É grave. O hospital não tem remédios. Os serviços de radioterapia e quimioterapia podem parar por falta de verba", diz o presidente do sindicato, Jorge Darze.
Refrigeração ruim No hospital Geral de Bonsucesso (HGB), também na cidade do Rio de Janeiro, o ar-condicionado do CTI do está quebrado, segundo parentes dos pacientes. "Os acompanhantes não fazem outra coisa senão abanar os doentes. O jeito é deixar as janelas abertas", disse Glória Horta, 47 anos. Marcela Lacerda, 34, queria levar um ventilador para o CTI. "Não deixaram porque aumentaria o risco de infecção", contou domingo.
Ontem, a assessoria disse que o equipamento foi consertado e funciona com 85% da capacidade. No HGB, Emergência está superlotada, e os doentes também ocupam macas nos corredores e até cadeiras. Sexta-feira, o setor funcionou com 457% da capacidade. Em janeiro, a lotação era de 345%.
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