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Internacional
Segunda - 18 de Setembro de 2006 às 14:17

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Os comentários do Papa sobre o Islã e a Jihad (Guerra Santa) continuaram provocando nesta segunda-feira cólera e indignação no mundo muçulmano, apesar dos lamentos públicos de Bento XVI.

Cerca de 500 manifestantes queimaram um boneco representando o Sumo Pontífice em Basra, no sul do Iraque, e incendiaram as bandeiras dos Estados Unidos e da Alemanha.

Diante do pedido do chefe religioso xiita, Mahmud al-Hassani, os manifestantes exigiram que o Papa se desculpe, enquanto que grupos iraquianos ligados à Al-Qaeda proferiam ameaças contra os ocidentais.

O braço armado iraquiano da Al-Qaeda, que controla uma aliança de grupos armados jihadistas, jurou que "continuará com a Jihad (Guerra Santa) até a derrota do Ocidente". Outro grupo vinculado à Al-Qaeda, o Ansar al-Suna, também ameaçou os ocidentais pela internet, em particular a Itália. "Para vocês temos a espada como resposta à sua arrogância", escreveu o grupo, que reivindicou numerosos ataques e execuções no Iraque.

Na Indonésia, mais de uma centena de membros de um grupo islamita radical, a Frente de Defensores do Islã, pediu a crucificação do Papa durante uma manifestação, afirmando que o profeta é sublime, o Papa é pequeno e vil.

Desde sexta-feira, foram cometidos vários atos de violência anticatólicos, principalmente contra igrejas. Uma religiosa italiana foi assassinada na Somália, mas não se pode estabelecer uma relação entre este fato e a polêmica atual.

O Santo Padre manifestou no domingo seu pesar ao mundo muçulmano, declarando-se "sumamente angustiado" pela onda de indignação causada por uma de suas declarações sobre o Islã, extraída de uma controvérsia teológica medieval, que não expressa de nenhuma maneira seu pensamento pessoal.

Mas Bento XVI não apresentou desculpas formais e, para aplacar a crise, o Vaticano decidiu recorrer à ofensiva diplomática, pedindo para que dois núncios (embaixadores do Vaticano) nos países muçulmanos divulguem o texto do Santo Padre para valorizar os elementos ignorados até agora, segundo o número dois do Vaticano, Tarcisio Bertone.

Embora as recentes declarações de pesar de Bento XVI tenham sido bem recebidas por algumas organizações influentes, como a egípcia Confraria dos Irmãos Muçulmanos, várias personalidades do mundo muçulmano continuam julgando-as insuficientes.

As declarações do Papa são o "último elo" de uma cruzada americano-israelense contra o Islã, afirmou o guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei. Isto faz parte, afirmou ele, de uma conspiração que começou com a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, país que procura criar uma crise entre as religiões para alcançar seus objetivos satânicos.

Ele acrescentou que os protestos contra as declarações do Papa deveriam ser dirigidos contra o Grande Satã, ou seja, os Estados Unidos.

"Todo o mundo deve considerar que o Grande Satã é responsável. Os protestos devem visar àqueles que tiram benefício das declarações injustas do Papa", disse.

Deputados egípcios exigiram nesta segunda-feira o congelamento das relações diplomáticas com o Vaticano, pedindo desculpas diretas e claras. Para o jornal saudita Al-Yum, as palavras do Sumo Pontífice não são um simples erro e estão totalmente de acordo com as idéias da extrema-direita americana sobre o choque de civilizações.

Em Pequim, o responsável oficial pelos 18 milhões de muçulmanos chineses, Chen Guanyuan, estimou que Bento XVI havia insultado tanto o Islã quanto o profeta Maomé e pediu para que ele retirasse suas palavras.

A Malásia, um dos países com maior número de muçulmanos no mundo, julgou que as manifestações de pesar do Papa não estão destinadas a acalmar a cólera.

Em Bruxelas, a Comissão Européia expressou a esperança de que as reações sejam proporcionais, fundadas no que foi realmente dito e não em citações deliberadamente retiradas de seu contexto.

Em Paris, o presidente Jacques Chirac pediu para "evitar tudo que aumente as tensões entre os povos ou entre as religiões".





Fonte: AFP

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