Muhammad IV pede ao Papa Bento XVI que respeite o Islã
Em mensagem enviada ontem ao Papa e cujo conteúdo foi divulgado hoje, Muhammad IV diz: "Dirijo-me ao senhor, em sua qualidade de chefe da Igreja Católica, para pedir-lhe que tenha, com relação ao Islã, o mesmo respeito que professa a outros cultos e que o Islã, por sua parte, professa a outras religiões celestiais, incluindo o cristianismo".
O monarca marroquino considera que esta é a melhor maneira de "fomentar o diálogo entre as religiões e as culturas".
Muhammad IV afirma também que nesta época de extremismos e amálgamas "cabe a nós, como depositários do dever de difusão dos valores de paz, de coexistência e de aproximação entre as nações e os povos, fazer tudo o que for necessário para defender estes nobres ideais".
Muhammad IV ressalta que o Islã "exorta, além disso, à paz e à moderação e rejeita a violência".
O rei lembra ainda o "caráter privilegiado" das relações entre o Marrocos e a Santa Sé, que se baseiam, diz, "no diálogo e na concertação sobre todas as questões relativas aos mundos muçulmano e cristão e às relações internacionais".
No sábado, Muhammad IV decidiu convocar seu embaixador no Vaticano para consultas, devido ao que considerava "declarações ofensivas" do Papa Bento XVI com relação ao Islã.
O Ministério de Exteriores anunciou que, "seguindo instruções" de Muhammad IV, o embaixador do rei no Vaticano, Ali Achour, "foi chamado a consultas, a partir de domingo, 17 de setembro, por causa das declarações ofensivas com respeito ao Islã e aos muçulmanos pronunciadas pelo Papa Bento XVI em 12 de setembro" na Alemanha.
O rei Muhammad IV é o "comendador dos crentes", ou seja, o chefe religioso dos muçulmanos marroquinos.
Bento XVI condenou no último dia 12, na Universidade de Regensburg (sul da Alemanha), o fundamentalismo religioso, afirmou que a "jihad" (guerra santa) vai contra Deus e considerou "irracional" defender a fé com a violência.
Recorrendo a um diálogo entre o imperador bizantino Manuel II (1391) com um persa, o Papa ressaltou que o governante dizia a seu interlocutor que em Maomé só se viam "coisas más e desumanas, como sua ordem de divulgar a fé usando a espada".
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