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Internacional
Segunda - 18 de Setembro de 2006 às 10:41

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O presidente da França, Jacques Chirac, propôs hoje que as grandes potências façam uma concessão ao Irã que possibilite a negociação de uma saída para a crise em torno do programa nuclear deste país, distanciando-se da posição americana de apressar a imposição de sanções no Conselho de Segurança da ONU.

As declarações de Chirac foram feitas em uma entrevista a uma emissora de rádio horas antes de sua viagem a Nova York, onde participará da Assembléia Geral da ONU e se reunirá com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, atendendo a um pedido deste.

O governante francês sugeriu que, "durante" a negociação, as seis potências (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) "renunciem a levar o caso ao Conselho de Segurança para a imposição de sanções e que o Irã renuncie ao enriquecimento de urânio".

Esta é a primeira vez que um líder europeu propõe publicamente que a suspensão do enriquecimento de urânio deixe de ser uma condição prévia para o início das negociações.

Chirac levantou a possibilidade de a suspensão das atividades não ser permanente, ao sugerir que seja realizada "durante" a negociação. O Irã e as cinco potências com direito a veto no Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha devem "encontrar primeiro uma ordem do dia nas negociações para depois iniciá-las", disse Chirac.

O dirigente francês, que se opôs a Bush na Guerra do Iraque, disse que suas relações com o titular da Casa Branca são "muito boas" e "de confiança", mas ressaltou que é preciso que sejam "entre iguais" e "não de submissão".

Em entrevista coletiva na sexta-feira passada, Bush deixou claro que manteria a pressão sobre o Irã e a ameaça de sanções, e insinuou que o regime islâmico procura ganhar tempo enquanto mantém suas atividades nucleares, cujo objetivo, segundo Washington, é desenvolver armas atômicas.

"Portanto, parte do meu objetivo em Nova York é lembrar às pessoas que não se devem permitir táticas dilatórias", disse Bush.

A Rússia e a China expressaram sua rejeição à imposição de sanções ao Irã, enquanto os europeus defendem dar mais tempo ao diálogo.

Chirac recebeu na semana passada em Paris um emissário do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e disse que não é pessimista e considera que seja possível "encontrar soluções" através do diálogo.

"Não creio em soluções que não impliquem o esgotamento da via do diálogo", afirmou Chirac, acrescentando que "nunca" é favorável às sanções. No entanto, ressaltou que não exclui a possibilidade de que se chegue a esse extremo, sempre com "moderação e adaptação".

O programa nuclear do Irã se encontra no centro das deliberações bilaterais e entre os participantes da Assembléia Geral da ONU, diante da qual Chirac apresentará propostas em relação ao Líbano e ao conflito israelense-palestino.

Apesar de sua posição em relação ao Irã no caso da crise nuclear, Chirac disse que, dadas as declarações "sistematicamente antiisraelenses" do presidente iraniano, as condições para um "diálogo pessoal" com Ahmadinejad em Nova York são difíceis.

O alto representante de política externa e segurança da União Européia, Javier Solana, que está à frente das conversas com o Irã sobre o tema nuclear, disse na sexta-feira que houve progressos.

O Irã, que ignorou o pedido do Conselho de Segurança de congelar o enriquecimento de urânio até 31 de agosto, teria sugerido uma suspensão temporária das atividades depois de se negar a suspendê-las como um pré-requisito para a negociação.

Hoje, na 50ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Viena, o Irã ameaçou limitar sua cooperação com a agência caso sofra sanções da ONU.

"Pode-se chegar a uma solução mediante negociações baseadas em boas intenções, flexibilidade e desejo político. O Irã está pronto para negociações e um compromisso político", afirmou o vice-presidente do Irã, Gholam Reza Aghazadeh.





Fonte: EFE

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