Para Irã, discurso do papa está alinhado aos Estados Unidos
A primeira grande crise enfrentada pelo papa desde que foi eleito, há um ano e cinco meses, foi deflagrada por um discurso que ele deu na terça-feira na Alemanha, no qual fez citações de críticas ao profeta Maomé feitas por um pensador medieval.
"As declarações do papa são o mais recente elo da cruzada contra o Islã lançada por Bush", disse Khamenei num discurso pela TV, referindo-se ao presidente dos EUA, George W. Bush.
"O Grande Satã (os EUA) está tendo influência nessa questão."
Bush irritou muitos muçulmanos, depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, por se referir à guerra global contra o terrorismo como uma "cruzada", termo que muitos muçulmanos consideram equivalente a uma batalha cristã contra o Islã.
A Casa Branca logo deixou de usar o termo, lamentando o fato de ele ter ofendido alguém.
Os Estados Unidos romperam relações com o Irã pouco depois da revolução islâmica de 1979, e pressionam a ONU para que imponha sanções ao país por causa de seu programa nuclear.
Personalidade mais poderosa do Irã, Khamenei disse ter ficado profundamente triste com as palavras do papa.
"Declarações como aquelas, feitas por uma personalidade cristã tão importante, são profundamente lamentáveis e surpreendentes", disse Khamenei.
O papa disse no domingo lamentar muito que os muçulmanos tenham ficado ofendidos por ele ter citado o imperador bizantino do século 14 Manuel 2o. Paelólogo, e afirmou que o conteúdo da citação não representa sua opinião pessoal.
O porta-voz do governo iraniano Gholamhossein Elham disse numa entrevista coletiva que o papa havia feito um "bom gesto", mas que ele não era o suficiente e não representava um pedido claro de desculpas.
"A atitude do senhor papa de dizer que suas declarações foram interpretadas equivocadamente foi um bom gesto e uma explicação necessária, mas não basta", disse ele.
O discurso vem provocando protestos e ataques contra igrejas em várias cidades árabes.
No domingo, vários seminários religiosos de cidades do Irã, de maioria muçulmana xiita, ficaram fechados, e cerca de 500 estudantes iranianos de teologia fizeram uma manifestação na cidade sagrada de Qom em protesto contra a palestra do papa.
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