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Cidades/Geral
Domingo - 17 de Setembro de 2006 às 08:19
Por: Gleid Moreira

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A Baixada Cuiabana e o município de Sinop são os dois locais do Estado onde há maior concentração de crianças com quadro de desnutrição, apesar de grande parte dos municípios apresentar situação contrastante.

São nas cidades da região Norte de Mato Grosso que a situação é mais crítica, enquanto que em outros municípios o número de desnutridos é quase zero como acontece em Lucas do Rio Verde, conforme Maria da Penha Ferrer, gerente de Promoção e Prevenção das Ações de Assistência à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde (SES).

Uma série de fatores contribuem para a desnutrição infantil em algumas cidades do Estado, que podem começar pela dificuldade de acesso, tornando o local como área de insegurança alimentar. Áreas indígenas e de assentamentos são locais citados por Penha, como de maior propensão à desnutrição devido às condições de vida das comunidades.

Uma recente pesquisa divulgada pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), mostra que de 2000 a 2004, apesar do índice de mortalidade infantil ter diminuído, houve aumento da taxa de crianças desnutridas, que subiu de 7,6% para 8,2% em todo o país. Em Mato Grosso, conforme Penha, a estimativa é de que o índice geral de desnutrição de crianças que compreendem a faixa-etária de zero a cinco anos, esteja em torno de 7% a 10%.

No entanto, enfatiza que a estimativa não pode ser considerada como dado fidedigno, pois até pouco tempo as planilhas eram preenchidas manualmente e com muitos erros, inclusive de duplicidade de informações. Relata que no último levantamento de fichas enviadas pelos municípios à SES, algumas cidades contém índices baixos de crianças desnutridas e em outras, os dados são alarmantes.

Especialistas em saúde atribuem a desnutrição em crianças com menos de um ano ao elevado número de cesarianas realizadas no Brasil e à carência de exames pré-natais, além do estado nutricional precário da mãe. Todos os anos são feitos cerca de 3,2 milhões de partos no país. Desses, 1,6 milhão são realizados por meio de cesarianas, ou seja, 50%. Foi constatado ainda que o Brasil é o país que mais faz cesarianas no mundo.

Informações da SES dão conta de que em Mato Grosso o tipo de parto realizado não tem uma ligação direta com o nascimento de crianças desnutridas, mas Penha enfatiza que a maior causa está ligada à gestação de grande parte das mães que são adolescentes e que, justamente pelo fato de não terem uma boa alimentação acabam gerando filhos desnutridos.

Devido a essa descoberta, um trabalho de atendimento específico vem sendo realizado no Estado para crianças, grávidas e idosos, em que estão mais suscetíveis ao quadro. "Uma das prioridades é detectar a desnutrição", completa.

A situação de contrastes, quanto à questão nutricional da população, até o fim do ano poderá ser melhor definida em cada cidade de Mato Grosso a partir do funcionamento de 100% do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvam), que já foi implementado em todas as cidades. Segundo Penha, a meta é operacionalizar de forma mais eficiente as estatísticas. No entanto, a operação do Sisvam ainda não acontece em sua totalidade por problemas tecnológicos de alguns municípios.

Penha diz que houve redução no quadro de desnutrição em crianças do Estado, a partir da implantação dos programas federais. "As famílias acabam tendo melhor atenção básica e assistência à saúde", destaca.

Mas, não é raro encontrar mães em bairros de Cuiabá ainda com dificuldades de alimentar os filhos, principalmente quando são donas de casa e dependem exclusivamente dos salários dos maridos para o sustento da família, como é o caso de Ana Lúcia da Silva, 35, moradora do Jardim União, que até pouco tempo passou sérias dificuldades com o desemprego do companheiro, que é servente de pedreiro.

Com 2 filhos, uma menina de 6 anos e um garoto de 5, ambos com aparência de crianças de 3 a 4 anos, devido ao tamanho, Ana conta que passou momentos difíceis. Agora o marido conseguiu emprego numa obra, em Várzea Grande e ganha um salário mensal, o que segundo ela, para alívio da família "dá para comprar comida".





Fonte: Gazeta Digital

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