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Internacional
Sábado - 16 de Setembro de 2006 às 23:59

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O Movimento dos Países Não-Alinhado (Noal) exigiu ao mundo hoje, em Havana, mais voz para os países em desenvolvimento, criticou a "unilateralidade", a dependência dos mais pobres em relação aos mais ricos e anunciou sua determinação de se modernizar para ganhar força.

O segundo e último dia da 14ª Cúpula do Noal proporcionou a surpresa de anúncios com propostas concretas, como o apelo que o Líbano fez aos países do Oriente Médio, pedindo que negociem com Israel para conseguir uma paz duradoura na região, e o acordo entre a Índia e Paquistão de se sentarem à mesa após dois meses sem contato para resolver suas disputas.

O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Felipe Pérez Roque, informou em entrevista coletiva como país anfitrião a aprovação de cinco projetos concretos, e afirmou que haverá "um antes e um depois da cúpula de Havana".

O documento "reafirma os princípios (da Conferência) de Bandung (1955), mas também incorpora outros, que se tornaram um guia nos últimos anos, resultado da mudança da conjuntura, e moderniza o Movimento", disse Pérez Roque.

O chanceler cubano acrescentou que o documento contempla a oposição às medidas coercitivas de qualquer país; a rejeição ao terrorismo, à agressão e às guerras; ratifica o papel do Movimento como fórum de coordenação para promover os interesses comuns e desenvolver a solidariedade e a cooperação.

Entre as exigências do grupo, os oradores do Noal concordaram em reivindicar a democratização da ONU, a ampliação e reforma do Conselho de Segurança e o direito de desenvolver programas nucleares com fins pacíficos.

Também houve apoio quase unânime ao povo palestino, criticas à Israel pela recente "agressão" militar ao Líbano e elogios ao trabalho de Cuba e de seu presidente, Fidel Castro - grande ausência da reunião -, como motor do Noal há mais de quatro décadas.

O Noal pediu a adesão de Israel ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) "sem demora", e que submeta imediatamente todas suas instalações nucleares ao regime de salvaguardas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

A exigência à Israel aparece em uma resolução do Noal que defende o direito dos Estados de desenvolver energia nuclear com fins pacíficos.

Na resolução, os países do Noal pediram que o Irã mantenha a cooperação com a AIEA, a fim de estimular uma solução através do diálogo ao conflito nuclear iraniano, e ressaltaram que "a diplomacia e o diálogo pacíficos devem ser mantidos para encontrar uma solução a longo prazo à questão nuclear iraniana".

Entre os discursos destacou o do presidente do Líbano, Emile Lahoud, que pediu hoje que todos os países do Oriente Médio dialoguem com Israel, após deixar claro que a paz e a estabilidade "não podem ser bombardeados para depois submeter" às nações.

"Tudo é negociável", disse Lahoud, denunciando a "agressão" que seu país sofreu pelas mãos de Israel em julho e agosto, no conflito contra as milícias do grupo xiita libanês Hisbolá que deixou 1.200 mortos.

Outro avanço dentro da cúpula aconteceu quando os Governos de Índia e Paquistão definiram retomar as negociações de paz, estagnadas desde julho passado, quando vários atentados mataram quase 200 pessoas na cidade de Mumbai, na Índia.

O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, e o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, fizeram o anúncio após uma reunião de uma hora, na qual concordaram em condenar "todas as atividades terroristas" e disseram que ordenaram a implementação "de um mecanismo antiterrorista" bilateral.

O "número dois" do regime norte-coreano, Kim Yong Nam, afirmou que Pyongyang não voltará "jamais" às negociações multilaterais a seis lados (EUA, Coréia do Sul, Japão, China e Rússia) sobre seu armamento nuclear, se Washington não retirar suas sanções contra o regime comunista de Kim Jong Il, impostas em outubro de 2005.

Os 55 governantes e as delegações oficiais, que tiveram vários encontros bilaterais, assinarão as declarações finais ainda hoje, e a maioria viajará nos próximos dias a Nova York para assistir ao 61º período de debates da Assembléia Geral da ONU.





Fonte: EFE

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