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Internacional
Sábado - 16 de Setembro de 2006 às 18:16

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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, está hoje em meio a uma ofensiva para conseguir a aprovação de duras leis sobre o tratamento aos suspeitos de terrorismo, apesar da oposição de importantes republicanos.

Um dia após convocar inesperadamente uma entrevista coletiva sobre o mesmo assunto, Bush defendeu hoje - em seu discurso de rádio dos sábados - a necessidade dessa legislação, que permitiria à CIA (agência de inteligência americana) utilizar duras técnicas de interrogatório e o julgamento desses suspeitos em tribunais militares.

Outros altos funcionários do Governo pretendem se juntar à ofensiva do presidente, através de diversos comparecimentos durante os próximos dias.

No centro do debate estão as práticas de interrogatório que, segundo os críticos, equivalem à tortura, e que não são aceitas nem pelo FBI (polícia federal americana) nem pelas Forças Armadas.

Embora não tenham sido mencionadas especificamente, entre as práticas estariam incluídas a hipotermia forçada e a privação do sono.

"Devemos proporcionar aos nossos profissionais das Forças Armadas e dos serviços de inteligência as ferramentas que precisam para manter a segurança em nosso país", disse hoje o presidente americano.

A legislação proposta, segundo Bush, permite que a CIA tenha normas claras sobre o que pode ou não fazer no que diz respeito à detenção e ao interrogatório dos suspeitos.

"As informações que a CIA obteve interrogando pessoas como Khalid Sheikh Mohamed - um dos supostos dirigentes da rede Al Qaeda - contribuiu para desmantelar planos terroristas, incluindo planos para atacar dentro dos EUA, em uma base dos EUA no leste africano, contra um consulado americano no Paquistão e no aeroporto britânico de Heathrow", disse.

Segundo Bush, "este programa da CIA salvou vidas americanas, e vidas de pessoas em outros países".

As declarações de Bush acontecem após o sério golpe sofrido pela Casa Branca no Comitê das Forças Armadas do Senado, que aprovou um projeto de lei que restringe muito a proposta defendida pelo presidente.

Entre outros, a legislação apoiada por Bush permite a utilização nos julgamentos de depoimentos obtidos através de maus-tratos, ou que os acusados não tenham acesso ao material classificado usado contra ele.

O projeto de lei aprovado pelo comitê, patrocinado pelos senadores republicanos John McCain, John Warner e Lindsey Graham, rejeita esses extremos, ao considerar que colocariam em risco a credibilidade desses julgamentos.

Segundo disse em seu discurso no rádio, Bush tentará chegar a um entendimento com o Congresso sobre a legislação que será aprovada.

Mas, disse, qualquer lei apresentada para ele assinar deverá passar por uma "prova". "Os serviços de inteligência devem me dizer que essa legislação permitirá que continuem esse programa vital" de interrogatórios da CIA, disse o presidente americano.

Se o presidente quis deixar claro com esta mensagem que não voltará atrás em suas posições, o Senado - liderado pelos legisladores republicanos "rebeldes" - também não parece disposto a ceder.

Segundo McCain, a proposta da Casa Branca "coloca em risco nossa reputação, nossa situação de um ponto de vista moral e as vidas desses americanos que fazem de tudo para defender nosso país".

A divisão entre os republicanos sobre essa legislação ocorre em um momento particularmente inoportuno para Bush.

A menos de dois meses das eleições legislativas de novembro, o presidente tinha tentado nas últimas semanas fazer da luta contra o terrorismo um dos focos da campanha eleitoral.

As diferenças entre a Casa Branca e o Senado são tão evidentes que a Câmara dos Representantes aprovou um projeto de lei muito mais próximo às posturas de Bush.

Em sua entrevista coletiva da sexta-feira, Bush lembrou que o Congresso tem pouco tempo para aprovar essa legislação, antes do início do recesso no próximo mês diante das eleições.





Fonte: EFE

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