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Bolívia é secundária em projeto de refino da Petrobras
As duas refinarias que a Petrobras possui na Bolívia fazem parte da estratégia da empresa de se tornar líder na América Latina, mas em nada afetam seus planos de crescimento no setor, que focam no aumento da capacidade de refino para o óleo pesado produzido no Brasil em grandes mercados consumidores.
Com capacidade para 60 mil barris diários de refino, ou 2 por cento de toda a capacidade da estatal brasileira, as duas refinarias bolivianas, as únicas do país, processam atualmente 40 mil barris diários e atendem 90 por cento do mercado vizinho, exportando eventuais sobras para o Paraguai e Brasil.
A empresa planeja investir 14,2 bilhões de dólares apenas em refino até 2011, de um plano de negócios total de 87,1 bilhões de dólares no período. Atualmente, a Petrobras refina 1,9 milhão de barris diários de petróleo em 11 refinarias e planeja construir sua 12a unidade em Pernambuco, em parceira com a estatal venezuelana PDVSA, e outra planta no Rio de Janeiro. Na semana passada, concluiu a compra de uma refinaria nos Estados Unidos, em Pasadena, com capacidade para 100 mil barris diários que será duplicada, e busca outras oportunidades de negócios na Ásia, Europa e EUA.
Além do refino, a Petrobras produz gás natural nos dois maiores campos da Bolívia e petróleo condensado, que é utilizado pelas refinarias para produção de gasolina, querosene de aviação, GLP e diesel.
Comparada a uma "kombi" em relação ao tamanho dos negócios da Petrobras pelo consultor David Zylbersztajn, a operação de refino na Bolívia é muito mais importante para os vizinhos do que para a estatal brasileira, mas não pode ser abandonada antes de a companhia recorrer a todos os meios legais para ser ressarcida.
"Os ativos não são relevantes, mas ela (Petrobras) tem acionistas e tem obrigação junto aos acionistas", disse Zylbersztajn à Reuters, um dia depois de o governo boliviano ter decidido congelar temporariamente a medida pela qual a estatal YPFB assume o controle das refinarias da companhia brasileira.
O consultor admitiu, porém, que, numa eventual saída da Petrobras da Bolívia, o governo Evo Morales receberia o apoio do presidente venezuelano, Hugo Chávez, para manter as operações por meio da estatal PDVSA, que tem experiência com refino. "Essa macheza toda boliviana conta com o respaldo do Chávez, não há dúvidas", afirmou Zylbersztajn.
Compradas em 2000 pelo então presidente da Petrobras Henri Philippe Reichstul, o fechamento das duas refinarias na Bolívia significaria perda de cerca de 66 milhões de dólares para a empresa, nas contas do consultor Adriano Pires. Ele relaciona, no entanto, a manutenção do negócio ao fato do país depender do gás boliviano. "Para a Petrobras, não é problema. O grande problema é para o Brasil. Se fosse uma empresa privada, já teria ido embora", disse Pires.
Empresas privadas presentes na Bolívia, no entanto, como a espanhola Repsol e a francesa Total, têm mantido a mesma disposição de negociação que a Petrobras, apesar da nacionalização dos ativos também de produção, e buscam acordos com o governo boliviano.
DEPENDÊNCIA DO GÁS
Zylbersztajn também avalia que o governo brasileiro considera na negociação com a Bolívia a dependência da importação do gás.
"A única coisa mais sensível nessa história é que a gente depende muito do gás boliviano e não se sabe o que pode acontecer. Eles (governo boliviano) têm agido como bandoleiros", afirmou. O Brasil importa 26 milhões de metros cúbicos diários de gás natural do país vizinho e em 2007 serão 30 milhões de metros cúbicos.
Na avaliação do analista da BES Securities Gilberto Pereira de Souza, o medo de ficar sem gás é a principal questão da posição "avança, recua" do governo brasileiro, que, na época do anúncio do decreto de nacionalização, ficou do lado do presidente boliviano e agora tenta ter voz mais firme na questão.
"A situação política dentro da Bolívia ainda é complicada e, se o Brasil resolver comprar uma briga feia, eles podem fechar a torneira (de gás). Não dá para abandonar o negócio simplesmente", avaliou.
Ele disse não ter visto novidade na regulamentação feita esta semana em cima da lei de nacionalização, anunciada em 1o de maio, e por este motivo as ações da companhia nesta sexta-feira caem pela queda do preço do petróleo, e não pela decisão do governo boliviano.
Com capacidade para 60 mil barris diários de refino, ou 2 por cento de toda a capacidade da estatal brasileira, as duas refinarias bolivianas, as únicas do país, processam atualmente 40 mil barris diários e atendem 90 por cento do mercado vizinho, exportando eventuais sobras para o Paraguai e Brasil.
A empresa planeja investir 14,2 bilhões de dólares apenas em refino até 2011, de um plano de negócios total de 87,1 bilhões de dólares no período. Atualmente, a Petrobras refina 1,9 milhão de barris diários de petróleo em 11 refinarias e planeja construir sua 12a unidade em Pernambuco, em parceira com a estatal venezuelana PDVSA, e outra planta no Rio de Janeiro. Na semana passada, concluiu a compra de uma refinaria nos Estados Unidos, em Pasadena, com capacidade para 100 mil barris diários que será duplicada, e busca outras oportunidades de negócios na Ásia, Europa e EUA.
Além do refino, a Petrobras produz gás natural nos dois maiores campos da Bolívia e petróleo condensado, que é utilizado pelas refinarias para produção de gasolina, querosene de aviação, GLP e diesel.
Comparada a uma "kombi" em relação ao tamanho dos negócios da Petrobras pelo consultor David Zylbersztajn, a operação de refino na Bolívia é muito mais importante para os vizinhos do que para a estatal brasileira, mas não pode ser abandonada antes de a companhia recorrer a todos os meios legais para ser ressarcida.
"Os ativos não são relevantes, mas ela (Petrobras) tem acionistas e tem obrigação junto aos acionistas", disse Zylbersztajn à Reuters, um dia depois de o governo boliviano ter decidido congelar temporariamente a medida pela qual a estatal YPFB assume o controle das refinarias da companhia brasileira.
O consultor admitiu, porém, que, numa eventual saída da Petrobras da Bolívia, o governo Evo Morales receberia o apoio do presidente venezuelano, Hugo Chávez, para manter as operações por meio da estatal PDVSA, que tem experiência com refino. "Essa macheza toda boliviana conta com o respaldo do Chávez, não há dúvidas", afirmou Zylbersztajn.
Compradas em 2000 pelo então presidente da Petrobras Henri Philippe Reichstul, o fechamento das duas refinarias na Bolívia significaria perda de cerca de 66 milhões de dólares para a empresa, nas contas do consultor Adriano Pires. Ele relaciona, no entanto, a manutenção do negócio ao fato do país depender do gás boliviano. "Para a Petrobras, não é problema. O grande problema é para o Brasil. Se fosse uma empresa privada, já teria ido embora", disse Pires.
Empresas privadas presentes na Bolívia, no entanto, como a espanhola Repsol e a francesa Total, têm mantido a mesma disposição de negociação que a Petrobras, apesar da nacionalização dos ativos também de produção, e buscam acordos com o governo boliviano.
DEPENDÊNCIA DO GÁS
Zylbersztajn também avalia que o governo brasileiro considera na negociação com a Bolívia a dependência da importação do gás.
"A única coisa mais sensível nessa história é que a gente depende muito do gás boliviano e não se sabe o que pode acontecer. Eles (governo boliviano) têm agido como bandoleiros", afirmou. O Brasil importa 26 milhões de metros cúbicos diários de gás natural do país vizinho e em 2007 serão 30 milhões de metros cúbicos.
Na avaliação do analista da BES Securities Gilberto Pereira de Souza, o medo de ficar sem gás é a principal questão da posição "avança, recua" do governo brasileiro, que, na época do anúncio do decreto de nacionalização, ficou do lado do presidente boliviano e agora tenta ter voz mais firme na questão.
"A situação política dentro da Bolívia ainda é complicada e, se o Brasil resolver comprar uma briga feia, eles podem fechar a torneira (de gás). Não dá para abandonar o negócio simplesmente", avaliou.
Ele disse não ter visto novidade na regulamentação feita esta semana em cima da lei de nacionalização, anunciada em 1o de maio, e por este motivo as ações da companhia nesta sexta-feira caem pela queda do preço do petróleo, e não pela decisão do governo boliviano.
Fonte:
Reuters
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/275627/visualizar/
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