DIAMANTINO: Localização deixa cidade privilegiada
Por falar em rio Paraguai, à cerca de 30 km da cidade se localizam as suas nascentes, na região conhecida como Sete Lagoas; daí corre para o sul, juntando às suas as águas de inúmeros córregos e rios, tornando-se vigoroso, majestoso e tomando para si a responsabilidade pela formação e existência de uma das maravilhas naturais do planeta: o Pantanal Mato-Grossense.
Cidade teve momentos de apogeu e decadência
“Nove anos depois de fundado o arraial de Cuiabá e um ano e nove meses depois de sua instalação, o capitão-mor de Sorocaba, Gabriel Antunes Maciel, a 18 de setembro de 1728, escreveu à Câmara Regente de Cuiabá, dando notícias do achado de ouro. A carta foi levada pelas mãos de outro capitão-mor, Gaspar de Godoy, como se lê em Memórias Históricas do Rio de Janeiro, do monsenhor José de Souza Azevedo Pizarro e Araújo (1843)”. A carta era o título da posse para a Coroa portuguesa, e tinha o valor de início da povoação, conforme a descrição do padre José de Moura e Silva, em brilhante estudo sobre Diamantino citado por José Carlos Vicente Ferreira, em “Mato Grosso e seus municípios”.
Ao longo de 273 anos de história, o município teve momentos de glória e de miséria, e significativa participação no cenário político-econômico de Mato Grosso. Desde o início do garimpo, durante todo o restante do século XVIII até a primeira metade do XIX, a cidade viveu o apogeu da mineração. Em 1821, o povoado foi elevado à condição de vila e a Junta Governativa da Província propôs para Diamantino a condição de capital, mas d. Pedro I optou por Cuiabá.
DECADÊNCIA
Por essa época, Diamantino exercia verdadeira hegemonia econômica em Mato Grosso, pois as famílias abastadas de Cuiabá desenvolviam intensa atividade comercial com a vila emergente. Entretanto, o declínio da produção de ouro e diamantes, bem como a queda da cotação desses minerais no mercado mundial, somados à escassez da mão-de-obra escrava que se manifestava desde 1830 e à abertura da navegação no rio Paraguai (1856), foram fatores que resultaram na profunda decadência econômica do município.
Por volta de 1870, a extração da borracha aparece como tábua de salvação para Diamantino, cuja economia passa a oscilar ao sabor dos preços oferecidos no mercado internacional pelo produto.
Após a proclamação da República, a cidade tem porte econômico considerável e toma partido nos acontecimentos políticos da época. No caso, o Partido Republicano, de Generoso Ponce, o que despertou a ira do presidente da província e chefe do Partido Nacional, Antonio Pedro Alves de Barros.
Em abril de 1901, Barros edita a lei 282, segundo a qual ficava “suprimida a Comarca e Município de Alto Paraguay Diamantino, passando o seu território à categoria de simples freguesia, pertencente ao município de Rosário”.
MASSACRE
Não satisfeito, o presidente da província arregimentou tropas que, contando com o valioso auxílio de um traidor, emboscaram as forças diamantinenses na serra da Caixa Furada, próximo à cachoeira do Tombador, na antiga estrada entre Nobres e Diamantino. Após o massacre, dirigiram-se para a cidade, onde casas e documentos foram incendiados. Nem a igreja escapou ao saque.
Em outubro de 1907, o marechal Rondon implantou a primeira unidade da Comissão Rondon na região e, em fevereiro do ano seguinte, foi instalada a estação telegráfica de Diamantino.
Na década de 1920, quando a desvalorização da borracha no mercado mundial devido à concorrência do produto das plantações asiáticas conduzia a nova fase decadente, a cidade viveu novamente momentos de terror na passagem da Coluna Prestes.
Desde então, até o início dos anos 70, Diamantino passou por um longo período de estagnação. Até que o planejamento militar de ocupação da Amazônia possibilitou a expansão da agricultura no cerrado, sob o beneplácito de generosos incentivos fiscais e subsídios federais.
Hoje, Diamantino desponta como um dos grandes produtores de grãos em Mato Grosso, com destaque para as culturas de soja, milho e arroz. O progresso, entretanto, conduziu à descaracterização do patrimônio arquitetônico - poucas casas antigas restam como testemunhas de uma história riquíssima de quase três séculos.
Comentários