Nacionalização gera novos atritos entre Petrobras e Bolívia
A petrolífera, a maior investidora do setor na Bolívia, expressou "desconformidade" com uma resolução do Ministério dos Hidrocarbonetos que regulamentou a comercialização interna de gás e produtos refinados de petróleo, após a nacionalização decretada por La Paz em maio passado.
O atrito aconteceu dois dias antes de uma visita do ministro de Minas e Energia do Brasil, Silas Rondeau, em meio ao que as autoridades bolivianas consideram uma etapa decisiva para as negociações sobre a aplicação da nacionalização dos hidrocarbonetos e o preço do gás natural que o Brasil compra.
"A Petrobras manifesta seu desacordo com a medida do ponto de vista legal, operacional e financeiro, já que isso inviabiliza totalmente os negócios de refino da companhia no país", disse a empresa, em um comunicado.
A Petrobras se referiu especialmente à decisão governamental de reduzir as margens de lucro nas refinarias do país, de propriedade da empresa brasileira, e dar à estatal boliviana YPFB o poder de decidir os preços internos.
O decreto de nacionalização determinou que as refinarias passem para o controle da YPFB, um processo que ainda não havia sido concluído.
Em seu comunicado, a Petrobras negou ter obtido "benefícios extraordinários" por seus negócios internos na Bolívia e afirmou que, na verdade, as atividades de refino geraram prejuízos que foram compensados com os altos preços dos produtos exportados.
O comunicado não fez menção à reunião de sexta-feira, na qual se discutirá o contrato que regulamentará as operações futuras da Petrobras no país e o pedido, por parte da Bolívia, de um aumento nos preços do gás exportado ao mercado brasileiro.
O Brasil compra atualmente cerca de 26 milhões de metros cúbicos diários de gás da Bolívia, a um preço de 4 dólares por milhão de unidades térmicas britânicas.
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