Presidente da Costa Rica defende mudança política em Cuba
"Cuba é uma ditadura que não só tem privado o povo cubano de sua liberdade, mas condenou à pobreza uma nação que poderia ter se tornado o primeiro país desenvolvido da América Latina", afirmou em Miami o governante, prêmio Nobel da Paz em 1987.
Arias também alertou para o surgimento do populismo e o início de uma nova corrida armamentista na região. Ele pediu apoio às nações que invistam mais em educação, saúde e habitação, "e menos em armas e soldados".
O governante costarriquenho discursou no jantar de abertura da 10ª Conferência das Américas, organizada pelo jornal "The Miami Herald". O evento, de 14 a 15 de setembro, conta com a participação de empresários e líderes políticos da América Latina e Estados Unidos.
Em seu discurso, ele afirmou que Cuba é o "único país irmão cujo Governo se nega a aceitar a democracia".
"Já passou há muito tempo a hora de parar de tapar o sol com a peneira e reconhecer o que não queremos admitir: Cuba não é uma democracia ''diferente'', nem seguiu um caminho próprio, escolhido pelo povo cubano", denunciou.
O dirigente acredita que a América Latina se encontra numa encruzilhada: ou fortalece seus sistemas democráticos e se ergue, unida, para mudar o regime em Cuba, ou sucumbe aos seus "velhos demônios autoritários, os cantos de sereia do caudilhismo e do populismo".
O Governo costarriquenho pediu o fim do embargo dos EUA para ajudar a levar a democracia a Cuba. E disse esperar que a convalescença do presidente cubano, Fidel Castro, abra o debate sobre a transição democrática.
Quanto à corrida armamentista, Arias disse que em 2004 os países latino-americanos gastaram US$ 22 bilhões em armas e tropas. O número aumentou 8% na última década e "tem crescido alarmantemente" nos últimos 12 meses.
Para ele, a América Latina "iniciou uma nova corrida armamentista", apesar de a democracia predominar na região, onde houve poucos conflitos militares no último século.
Para mudar a situação, ele propôs privilegiar o investimento social. A proposta, chamada por Arias de "Consenso da Costa Rica", levaria à criação de mecanismos para perdoar as dívidas dos países em vias de desenvolvimento que orientem suas ações nessa área, que ainda receberiam mais recursos financeiros internacionais.
"É hora que a comunidade internacional premie não só quem gasta com ordem, como tem feito até agora, mas também quem gasta com ética", enfatizou o governante.
Arias está convencido de que investir em educação é o caminho para consolidar a democracia e evitar que a região retorne à cultura política "autoritária e vertical" que marcou "com fogo" sua história.
Nesse contexto, advertiu para as tentações autoritárias, o discurso demagógico que despreza a democracia e o ideário extremista que, "apenas dissimulado", sobrevive em algumas organizações políticas.
A Conferência das Américas é considerada um dos principais fóruns de negócios e política na América Latina e no Caribe. O tema principal do evento este ano é "Competitividade da América Latina na Economia Global".
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