Neanderthal viveu há menos tempo que se imaginava
Até agora, imaginava-se que a espécie havia sobrevivido na Europa até a chegada dos humanos modernos, há cerca de 30 mil anos. Mas as novas conclusões do professor Clive Finlayson, do Museu de Gibraltar, mostram que os dois grupos podem ter coexistido no continente por mais de 4.000 anos.
"Estamos mostrando bastante claramente que eles sobreviveram pelo menos até 28 mil anos atrás e possivelmente até 24 mil anos atrás. Isso é significativamente depois do que se pensava anteriormente", disse Finlayson à Reuters.
Os neanderthais são antecessores dos humanos modernos que habitaram a Europa e partes da Ásia ocidental e central. Apesar da imagem difundida de que eram seres brutos, carregando tacapes, as pesquisas sugerem que sabiam confeccionar ferramentas, usavam peles de animais para se aquecer e cuidavam uns dos outros.
Durante uma nova escavação na caverna de Gorham, uma rica fonte de artefatos pré-históricos em Gibraltar (encrave britânico no sul da Espanha), Finlayson encontrou vestígios de uma fogueira feita por neanderthais e restos de ferramentas, armas de sílex e fósseis animais.
"Temos os restos não só dos mamíferos que eles estavam comendo, como de aves... e moluscos, indicando que a dieta deles não era estritamente carnívora", afirmou o pesquisador.
O carvão encontrado no local permitiu a datação. Os cientistas conseguiram também recriar o ambiente onde os últimos neanderthais viveram, e descobriram que tinha grande variedade de plantas.
"Isso nos indica que, apesar das glaciações mais acima (ao norte) na Europa, era um lugar onde o clima ainda era suficientemente ameno para que as populações de neanderthais sobrevivessem até bem tardiamente", acrescentou Finlayson, que teve o trabalho divulgado pelo site da revista Nature.
Há muito debate sobre o tempo de coexistência dos neanderthais com os humanos modernos. Alguns pesquisadores sugerem que o período possa ter sido de apenas dois milênios. "Aqui estamos olhando para 4.000 anos, se não mais, e isso é muito tempo", disse Finlayson.
Os cientistas estão escavando mais profundamente a caverna, onde há mais de 50 anos foram descobertas ferramentas de pedra. Eles também procuram "cemitérios" de neanderthais nas profundezas.
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