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Internacional
Quarta - 13 de Setembro de 2006 às 09:35

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A abdicação de Edward VIII ao trono da Inglaterra foi resultado de uma conspiração armada pelo "establishment" britânico, segundo um documentário que será exibido pela "BBC" e que foi baseado em documentos oficiais.

O Governo, a Igreja Anglicana e membros da Família Real desaprovavam a relação do monarca britânico com Wallis Simpson, uma americana divorciada, segundo o documentário, cujo conteúdo foi antecipado parcialmente hoje pelo jornal "Daily Express".

Longe de ser considerada uma ameaça para o futuro da monarquia, a relação foi um excelente pretexto para afastar um monarca considerado inadequado para o trono, segundo o autor do documentário.

Segundo o jornal, o documentário também desmentirá as acusações de que Edward VIII, que comprou o título de Duque de Windsor após sua abdicação, simpatizava com os nazistas.

O documentário da "BBC", intitulado "Abdicação", será divulgado por conta dos 70 anos do fato histórico, ocorrido em dezembro de 1936.

O filme se baseia em centenas de documentos divulgados em 2003 pelo Escritório de Registros Públicos, que incluem minutas das reuniões do Governo e correspondências entre o então primeiro-ministro, Stanley Baldwin, e membros da Família Real.

"O que fica claro é até que ponto o Estado queria se livrar de qualquer maneira de Edward e como sua relação com Wallis Simpson ofereceu essa possibilidade", segundo o autor do documentário, Denys Blakeway.

"Edward VIII era considerado totalmente inadequado para ocupar o trono, e seu ''affair'' com Simpson foi considerado mais uma amostra dos seus desvios de caráter", afirma o autor do documentário.

O monarca era criticado por sua modernidade, seu desapego à tradição e até por sua forma de vestir, afirma o diretor.

Edward VIII foi considerado há muito tempo como o membro mais próximo ao nazismo entre a Família Real britânica e, no ano seguinte à abdicação, fez com Wallis Simpson uma famosa visita à Alemanha durante a qual o casal se aproveitou da hospitalidade de Hitler e de seus ministros Hermann Goering e Joseph Goebbels.

Goebbels, ministro de Propaganda de Hitler, escreveu em seu diário: "É uma vergonha que não seja rei. Com ele poderíamos ter chegado a uma aliança".

Alguns elementos do Governo de Londres suspeitavam até que a duquesa de Windsor fosse uma agente nazista.

No entanto, segundo Blakeway, há mais motivos para argumentar que seu sucessor, Jorge VI e Elisabeth, a Rainha Mãe, eram partidários de uma política de "apaziguamento" frente a Hitler.

Edward foi muito mal aconselhado em sua viagem à Alemanha e de fato foi cortejado pelos nazistas, mas não há provas concretas de que fosse partidário de Hitler.

"Não há dúvida de que houve uma conspiração por parte do ''establishment'' para se livrar dele. O diretor do jornal ''The Times'', o arcebispo de Canterbury, o primeiro-ministro e o secretário privado do rei participaram em reunião prévia à abdicação para canalizar os eventos no sentido desejado", afirma o diretor do documentário.

A crise veio à tona com o anúncio da intenção do rei de se casar com Wallis Simpson, uma mulher divorciada duas vezes vista por muitos como uma golpista.

Como líder da Igreja Anglicana, o rei não poderia se casar com uma mulher divorciada enquanto seu ex-marido ainda fosse vivo.

O Governo de Baldwin se negou a aceitar um compromisso pelo qual ela se transformaria em simples consorte, argumentando que o povo britânico não aceitaria.

Edward não quis se separar da amada e em 10 de dezembro de 1936, após menos de um ano no trono, abdicou em favor de seu irmão, George VI, pai da atual soberana, Elizabeth II.





Fonte: EFE

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