Papa fala da importância da música durante visita à Alemanha
O Pontífice falou durante a bênção do novo órgão da basílica de Alte Kapelle (Velha Capela), um grande templo do ano 1.000 dedicado à Virgem Maria. Essa será a única atividade pública do Papa hoje em Regensburg, e o resto do dia Bento XVI ficará com seu irmão Georg, de 82 anos, que vive nesta cidade da Baviera.
"A constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II diz que o canto sacro, unido à palavra, é parte necessária e integrante da solene liturgia. Isso significa que a música e o canto são algo mais que o embelezamento do culto", afirmou o Pontífice em seu discurso.
O Vaticano sempre deu grande importância à música sacra. No último Sínodo de Bispos, os religiosos ressaltaram o valor dessa arte, sempre acompanhada de critérios litúrgicos.
Esse mesmo critério foi exigido no momento de incorporar elementos locais como cantos, gestos, danças e vestidos à cerimônia eucarística. Os bispos pediram que estes elementos sejam purificados primeiro e, depois, incorporados.
A Igreja também considera necessário recuperar o canto gregoriano.
Ao se referir ao órgão, Bento XVI destacou que é considerado o "rei dos instrumentos musicais", já que reproduz todos os sons da criação e dá ressonância à plenitude dos sentimentos humanos.
Segundo o Papa, um conhecedor e amante da música clássica, a grande variedade de tons do órgão, desde o agudo até o grave, tornam o instrumento superior aos outros.
Bento XVI disse que as peças do órgão estão expostas às mudanças de temperatura e a fatores de "cansaço", e que uma mão especialista é sempre a que deve lhe devolver a harmonia.
"Essa é uma imagem de nossa comunidade. Na Igreja, também devemos encontrar a harmonia. Quanto mais, por meio da fé, deixarmos que nos transformemos em Cristo, mais seremos capazes de transformar o mundo, propagando bondade, misericórdia e amor pelos homens de Cristo", acrescentou o Papa.
Bento XVI afirmou que os grandes compositores queriam, "a seu modo", louvar Deus, e lembrou que Johann Sebastian Bach acrescentava a suas partituras as iniciais S.D.G (Soli Deo Gloria - só para a glória de Deus) e que Anton Bruckner escrevia no início das partituras as palavras "Dedicado ao bom Deus".
Regensburg é considerada um dos centros musicais da Alemanha. Um cônego da Alte Kapelle, Carl Joseph Proske, foi quem no século XIX impulsionou a renovação da música sagrada.
A Alte Kapelle sempre foi um ponto de referência da música sacra.
Após a bênção, Bento XVI foi à casa de seu irmão, onde passarão o resto do dia juntos.
Às 15h30 (10h30 de Brasília), o Papa irá ao cemitério de Ziegetsdorf, a cerca de três quilômetros da casa, onde estão enterrados seus pais e sua única irmã.
A visita será estritamente privada e não está prevista a presença dos jornalistas, que acompanham a segunda viagem de Bento XVI à Alemanha.
Depois da visita ao cemitério, o Pontífice jantará com seu irmão e, no fim da tarde, irá ao Seminário Maior de Regensburg.
Bento XVI se sente muito ligado a Regensburg, em cuja universidade ensinou Teologia Dogmática entre 1969 e 1971. Ele planejava passar sua aposentadoria nesta cidade, onde tem uma casa.
O Papa João Paulo II, no entanto, havia mantido Ratzinger em Roma e, com sua morte, Bento XVI foi eleito seu sucessor.
No último dia 9, quando chegou a Munique, o Papa disse que, em sua relação com Deus, ele é dócil "como um animal de carga" e que, embora teria gostado de voltar a sua terra, Deus - que chamou de "o Patrão" - "decidiu uma outra coisa".
Amanhã, último dia da viagem, o Papa irá para Freising e, em sua catedral, vai se reunir com os padres e com os demais eclesiásticos da diocese.
Após a reunião, Bento XVI irá ao aeroporto de Munique, onde pegará o avião de volta a Roma.
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