Ubiratan: polícia pede quebra de sigilo telefônico
Carla, que começou a depor na sede do DHPP às 11h desta terça-feira e saiu de lá somente por volta da 0h de hoje, voltou a negar envolvimento com a morte e retomará o depoimento às 13h. Pela manhã, outras três pessoas serão ouvidas. A polícia também requisitou a abertura dos sigilos telefônicos da mãe de Carla, a também advogada Liliana Prinzivalli, e da delegada da Polícia Federal do Pará Renata Azevedo dos Santos Madi. A decisão sobre a quebra dos sigilos deve sair hoje.
A delegada Renata Madi, que trabalha na Polícia Federal em Belém (PA) e era amiga do coronel, ligou para ele no sábado à noite, pouco antes da morte. Em conversa informal com a polícia, na segunda-feira, Carla disse que chegou a discutir com o coronel por ciúmes, devido ao telefonema. Pessoas próximas negam que o militar e a delegada tivessem um relacionamento amoroso.
A polícia quer o acesso aos telefonemas para saber o que de fato aconteceu, pois as versões são desencontradas. Renata teria dito que não chegou a falar no telefone com Ubiratan, apenas com Carla, a qual teria declarado que ele estava dormindo. Mas a mãe de Carla garantiu que sua filha atendeu a ligação e passou o telefone ao coronel.
Após Carla sair da sede do DHPP, o delegado Armando de Oliveira Costa Filho afirmou que ela "por ora" continua na condição de testemunha no caso. O delegado ressaltou também que as investigações estão andando "de forma muito satisfatória". A polícia continua trabalhando com a tese de crime passional e avalia que a chance de envolvimento de facção criminosa é "pequena".
No depoimento, Carla afirmou que é inocente e não tinha motivos para matar o coronel. Ela também admitiu que Guimarães tinha muitos inimigos e teria entregue uma lista com nomes de supostos desafetos do militar reformado.
Apesar de ter declarado na segunda-feira que amava o coronel e tinha planos de morar com ele após as eleições, amigos e familiares da vítima garantiram que a relação era apenas ocasional.
Um revólver de calibre 38 usado por Ubiratan, supostamente usado no crime, desapareceu do apartamento. As circunstâncias deixaram a polícia convencida de que uma pessoa próxima assassinou Guimarães - não há indícios de briga ou execução, e a porta da área de serviço estava aberta. Ainda não saiu o resultado da perícia nas roupas usadas por Carla no dia da morte nem em uma toalha encontrada suja de sangue.
O promotor Carlos Roberto Talarico, que acompanha o depoimento de Carla representando o Ministério Público, também declarou, ao sair da sede do DHPP, que houve avanço na apuração do caso:
"Carla colaborou muito com informações que julgo preciosas", afirmou. Questionado sobre a possibilidade de Carla passar da condição de testemunha para a de suspeita, Talarico disse que "com dois dias de investigação", não dá para indiciar ninguém".
A irmã da namorada do coronel, Paola Cepollina Proença, disse que Carla é inocente e que não teme ser presa. Paola afirmou que a família tem todo o interesse de apresentar sua versão para o caso. "Quem não deve não teme", disse ela.
Coronel chegou a ser condenado a 632 anos de prisão Ubiratan, que era deputado estadual pelo PTB paulista e disputava a reeleição, foi levado a júri popular em 2001 pelo massacre do Carandiru e chegou a ser condenado a 632 anos de prisão pela morte de 102 dos 111 presos.
Mas, em fevereiro deste ano, a sentença original da juíza Maria Cristina Cotrofe foi revertida. O Tribunal de Justiça de São Paulo absolveu Ubiratan Guimarães, por 20 votos a dois. Embora considerasse válido o julgamento de 2001, a maioria dos desembargadores acatou argumentos apresentados pela defensoria e inocentou o coronel. A absolvição causou reações de indignação de entidades de direitos humanos no Brasil e no exterior, como a Anistia Internacional.
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