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Internacional
Terça - 12 de Setembro de 2006 às 00:13

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A capital do Chile, Santiago, tem registro de mais confrontos entre manifestantes e polícia durante a noite e madrugada desta terça-feira, após os distúrbios que à tarde deixaram 98 detidos no 33º aniversário do golpe de Estado que derrubou o ex-presidente Salvador Allende e empossou o ditador Augusto Pinochet.

Há relato de incidentes em Villa Francia, no oeste da capital - um dos setores mais combativos durante a ditadura militar (1973-1990), e no município de Peñalolén, no leste, segundo emissoras de rádio e TV.

Os manifestantes acenderam fogueiras e montaram barricadas que impedem a passagem dos veículos. Também lançaram correntes nos cabos elétricos para provocar blecautes.

Forças especiais de Carabineiros (Polícia Militar) se deslocaram aos dois locais para proteger a comunidade e evitar danos à propriedade pública e privada.

Antes, nas imediações da Universidade de Santiago, no centro da capital, houve confrontos de estudantes e encapuzados com a polícia, que deteve 98 pessoas.

Os manifestantes levantaram barricadas e enfrentaram com pedras as forças especiais de Carabineiros, que reprimiram o protesto com jatos de água e gases lacrimogêneos.

Os incidentes começaram momentos após o fim da cerimônia de inauguração de um memorial que lembra 62 pessoas ligadas à universidade que morreram durante a ditadura.

Também hoje, as forças de Carabineiros dissolveram no centro de Santiago uma manifestação não autorizada convocada pelo esquerdista Movimento Patriótico Manuel Rodríguez (MPMR). Os manifestantes haviam ocupado a Alameda Bernardo O''Higgins, a principal avenida de Santiago, interrompendo o tráfego de veículos.

Enquanto isso, no Estádio Chile (atualmente Estádio Víctor Jara) e no Estádio Nacional, ex-centros de reclusão e tortura após o golpe de Estado, dezenas de parentes das vítimas realizavam uma vigília.

Os dois estádios foram iluminados por centenas de velas acesas por vítimas do regime militar e seus parentes, numa homenagem silenciosa.

Nesta segunda-feira, no palácio presidencial de La Moneda, uma cerimônia religiosa lembrou os mortos de 11 de setembro de 1973. O Partido Socialista e outros grupos políticos homenagearam Salvador Allende diante do monumento em sua memória, em frente à sede do governo chileno.

Após a cerimônia, a presidente Michelle Bachelet afirmou que "este novo 11 de setembro leva à lembrança e a uma reflexão sobre o que aconteceu há 33 anos".

A governante também condenou o atentado de domingo contra o palácio de Governo. "Os símbolos pátrios, como a bandeira e La Moneda, são símbolos também da democracia, e pertencem a todos os cidadãos", disse.

"La Moneda é o símbolo da luta de muitos de nós para recuperar a democracia", enfatizou, acrescentando que "ver La Moneda em chamas como há 33 anos" é algo que não deve acontecer de novo. "Não foi para isso que nossa gente deu a sua vida".

As manifestações de hoje foram precedidas, no domingo, por um grande manifestação organizada pela Assembléia Nacional de Direitos Humanos.

A manifestação de domingo terminou em distúrbios isolados, que se prolongaram pela madrugada em diferentes bairros de Santiago. Ao longo do dia 72 pessoas foram detidas, cinco carabineiros foram feridos e 25 lojas sofreram danos.





Fonte: EFE

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