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Internacional
Segunda - 11 de Setembro de 2006 às 22:15

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O Movimento dos Países Não-Alinhados começou na segunda-feira sua cúpula em Havana, com discursos que, num sinal da animosidade do bloco em relação aos Estados Unidos, não citaram o quinto aniversário dos atentados de 11 de setembro de 2001.

O chanceler cubano, Felipe Pérez Roque, propôs que os 116 membros do movimento cerrem fileiras diante da ameaça militar dos países mais poderosos do mundo.

Críticos vêem no movimento uma relíquia da Guerra Fria, com pouca relevância diplomática. A cúpula, de seis dias, deve denunciar os EUA por seu papel de polícia global, intensificado depois daquele 11 de Setembro.

"A luta contra o terrorismo não pode ser ditada por datas", disse o vice-chanceler cubano, Abelardo Moreno, a jornalistas.

Os líderes que visitam Havana vêem diante da missão diplomática dos EUA na cidade um outdoor do presidente dos EUA, George W. Bush, com dentes de vampiro pingando sangue. Bush é chamado de terrorista pelo líder cubano, Fidel Castro.

Em seu discurso de abertura da cúpula, Pérez Roque condenou a "brutal agressão" contra o Líbano e o "genocídio diário" contra os palestinos. Criticou também a crescente pressão dos EUA e de seus aliados para que o Irã abandone o seu programa nuclear.

"Outros países não-alinhados são ameaçados de guerras preventivas e agressões. Por isso é indispensável que cerremos fileiras na defesa dos nossos direitos", afirmou.

Cuba, único país comunista do Ocidente, espera a presença de cerca de 50 chefes de Estado e governo na cúpula. Os presidentes do Irã, da Venezuela e do Paquistão, além do primeiro-ministro da Índia e do secretário-geral da ONU, confirmaram a visita.

Na opinião de Pérez Roque, realizar uma cúpula de países que constituem dois terços da ONU é uma vitória contra "a cruel política de isolamento e bloqueio" imposta pelos EUA à ilha.

Mas o anfitrião do evento, Fidel Castro, está afastado do poder por motivos de saúde e talvez não participe das reuniões. Deve ser substituído por seu irmão, Raúl, que é o presidente interino do país.

A deputada norte-americana Ileana Ros-Lehtinen, de origem cubana, disse que a cúpula é um claro sinal da animosidade do regime cubano em relação a Washington.

"Receber a cúpula no quinto aniversário dos monstruosos e desprezíveis ataques terroristas do 11 de Setembro só reforça a opinião odiosa que o regime cubano tem em relação a nações ocidentais onde a liberdade e a democracia prosperam", afirmou.

O primeiro chefe de Estado a chegar a Havana para a cúpula foi o presidente do Laos, Choummaly Sayasone. Essa nação, do Sudeste Asiático, é um dos cinco regimes comunistas que restam no mundo —junto com China, Vietnã, Coréia do Norte e Cuba.

O Movimento dos Países Não-Alinhados foi fundado em 1961 em Belgrado, por países do Terceiro Mundo que tentavam evitar o alinhamento automático com os EUA ou com a União Soviética. Entre seus fundadores estavam líderes como Josip Tito (Iugoslávia), Jawaharlal Nehru (Índia), Gamal Abdel Nasser (Egito) e Sukarno (Indonésia).

Desde o fim da Guerra Fria, o grupo luta para encontrar um propósito. Especialistas vêem, porém, dificuldades devido a diferenças históricas, culturais e religiosas. A cúpula serve aos interesses de países que buscam um status internacional fazendo oposição ao "império americano", num momento em que os EUA têm muito menos amigos do que durante a Guerra Fria, na avaliação de Julia Sweig, diretora de América Latina do Conselho de Relações Exteriores, uma entidade de Washington.

Mas, na opinião dela, "há muito menos desafios sérios ao poder norte-americano do que uma conferência de uma organização que poucas pessoas sabiam que ainda existia, realizada por uma ilha que não mantém mais uma política externa militar e ativista."





Fonte: Reuters

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