Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Segunda - 11 de Setembro de 2006 às 13:54

    Imprimir


A doença do líder cubano, Fidel Castro, ameaça transformar nesta semana a 14a. Cúpula do Movimento dos Países Não-Alinhados (MPNA) em uma festa sem o dono da casa.

O governo cubano deixou em aberto a possibilidade de que Fidel esteja presente nos dias 15 e 16, quando ocorre a reunião presidencial em Havana. Fidel está afastado do poder desde 31 de julho por causa de uma cirurgia intestinal, e desde então só aparece em algumas poucas fotos.

O esboço da declaração final menciona o dirigente cubano, de 80 anos, como atual presidente do grupo de 116 países e, segundo o programa oficial, ele pronunciará dois discursos e oferecerá um jantar para os 50 chefes de Estado e de governo.

"O chefe da delegação cubana é o presidente Fidel Castro", esclareceu no domingo o chanceler Felipe Pérez Roque. Mas o ministro não garantiu que Fidel, pela primeira vez afastado do poder desde 1959, estará presente na reunião. Assegurou apenas que receberá pessoalmente alguns mandatários e o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

"Se em algumas atividades ele não puder estar, representa-lo-á o segundo chefe (Raúl Castro, irmão de Fidel e presidente interino)", afirmou Pérez Roque.

Observadores dizem que a ausência de Fidel ofusca o brilho da cúpula do MPNA, uma relíquia da Guerra Fria que Cuba tenta transformar em trincheira do Terceiro Mundo contra os males da globalização e o unilateralismo dos Estados Unidos.

"A cúpula de Havana era talvez a última grande festa (de Fidel). Se ele não aparecer, a reunião perderá força", disse um diplomata, para quem a idade e a saúde devem impedir Fidel de continuar viajando.

Os organizadores confirmaram a presença dos presidentes Mahmoud Ahmadinejad (Irã), Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Pervez Musharraf (Paquistão), além de Annan e do primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh.

Desde a cirurgia, Fidel perdeu mais de 18 quilos e só foi visto sentado ou deitado. Mesmo assim, alguns esperam uma surpresa do homem que durante quase meio século hipnotizou amigos e inimigos com seus maratônicos discursos. Horas antes de sofrer a hemorragia intestinal que o afastou, falou durante cinco horas, de pé.

"Conhecendo-o, duvido que Fidel vá se conformar em ver a cúpula pela televisão. Acho que fará um esforço para aparecer, ainda que rapidamente. E isso seria um tremendo golpe de efeito", disse outro diplomata em Havana.

Mas há quem pense que, após transferir o poder para Raúl, Fidel colocou em marcha um mecanismo irreversível de sucessão, e que no futuro será simplesmente uma figura simbólica, seja em âmbito doméstico ou internacional.

"A presença de Fidel não determinará o êxito ou o fracasso da cúpula. A esta altura, depois da crise de saúde, Fidel é um aposentado político", disse um diplomata europeu.

A cúpula poderia servir para uma transferência simbólica de liderança para Chávez, um discípulo político com carisma — e também dinheiro — para converter em realidade os projetos sociais com os quais Fidel quer transformar o Terceiro Mundo.

"Chávez bem poderia se tornar a estrela do espetáculo", disse Riordan Roett, diretor de estudos do Hemisfério Norte na Escola de Estudos Internacionais Avançados, de Washington.

Cuba aproveitará a cúpula do MPNA para promover seus enormes programas sociais, como a formação de médicos, as cirurgias oftalmológicas gratuitas e as campanhas de alfabetização que já beneficiaram milhões de pessoas dos Andes ao Himalaia.





Fonte: Reuters

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/276601/visualizar/