Publicidade
Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Segunda - 11 de Setembro de 2006 às 09:43
Por: Daniel Pedra

    Imprimir


A YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), a estatal boliviana de petróleo, confirmou o corte no fornecimento de gás natural ao Mato Grosso e explicou que a medida foi adotado por uma decisão do Ministério de Hidrocarburos. A determinação, que vigora desde o dia 24 de agosto, ocorre porque existe uma redução na capacidade de compressão da estação de Rio Grande, naquele país.

Com essa situação caracterizada como de “emergência”, o governo local garante apenas o abastecimento interno local e também os contratos de exportação firmados com o Brasil (Petrobras) e Argentina, excluindo o abastecimento ao Estado. O engenheiro da YPFB, Evelio Harb, encaminhou mensagem a vários destinatários envolvidos no assunto e em um dos trechos do comunicado está clara a determinação de “redução a zero no volume destinado à Andina-Cuiabá”, um duto ramal que sai do Gasbol (gasoduto Bolívia-Brasil) e segue para o Mato Grosso.

A mensagem põe por terra a nota divulgada pela Petrobras na última terça-feira, que afirmava que o abastecimento a Mato Grosso transcorria sem problemas. “O volume do gás boliviano exportado para o Brasil não foi reduzido e o abastecimento está totalmente assegurado em seus níveis normais. A interrupção ocorrida no fornecimento para Cuiabá (MT) está relacionada a um problema no gasoduto que abastece unicamente a usina termelétrica local. Este gasoduto é privado, isolado, e não pertence à rede que abastece o mercado brasileiro”, traz nota.

Desde o dia 23 do mês passado, um dos quatro compressores da estação está avariado e isso reduziu a capacidade de bombeamento do gás natural vindo da Bolívia para o Brasil. Pessoas ligadas ao setor desconfiam do problema técnico e acreditam que a avaria seria uma desculpa para camuflar uma decisão política de corte gradual ao Brasil e ao Estado, que dependem 100% do gás boliviano.

Há 18 dias, desde que o compressor estragou a capacidade diária do gasbol caiu para 22 milhões m³/dia. No comunicado de Harb, a perda de 10 milhões m³/dia, tentou ser compensada “com esforços” com um aumento na pressão de sucção, que passou a comprimir 26 milhões m³/dia. Mesmo com a elevação da capacidade, o corte para Mato Grosso, decretado no dia 24 de agosto, foi obedecido e afetou a operação da EPE (Empresa Produtora de Energia Ltda.) - Usina Termelétrica Governador Mário Covas - ou “Cuiabá I”, localizada no Distrito Industrial de Cuiabá.

A previsão era de que até a última sexta-feira os reparos no compressor cessassem e que o gasoduto voltasse e receber o combustível. Mas o fim do conserto não foi confirmado. Mesmo que a recepção do GTB (gás transboliviano, parte boliviana do gasbol) volte a capacidade total – 32 milhões m³/dia - imediatamente, a reativação da EPE depende da quantidade despachada ao ramal e poderá levar cerca de 72 horas para voltar a operar. É preciso que os dutos sejam preenchidos com o combustível – como uma espécie de estocagem - e que venham com pressão.

O corte no fornecimento de gás atinge também a Comgás (Companhia de Gás de São Paulo), que atende a região metropolitana da Capital e o litoral. Mas ela também tem contrato com a Petrobras. Já a EPE tem contrato, por mais 15 anos “com uma empresa que opera no mercado boliviano”. O contrato é de 2,1 milhões m³/dia. De forma extra-oficial, o DIÁRIO descobriu que para voltar a operar a EPE necessita de 1,2 milhões m³/dia, quando produziria 240 Megawatts, metade da capacidade instalada.

O comunicado de Harb revela que o restabelecimento do fornecimento depende de algumas variantes. “Se a demanda de gás do GSA – contrato da estatal brasileira com o governo boliviano – for reduzida ou se existir capacidade adicional, será restabelecida a entrega aos mercados ora afetados”. No texto enviado e escrito em espanhol, não há qualquer afirmação de que o fornecimento ao Estado estaria proibido, mas fica evidente que a decisão de corte é da estatal boliviana – de acordo com a vontade do governo local – que determina a prioridade de atendimento, que no momento é a Petrobras e a Argentina.

Se falta gás para a EPE, a MTGás (Companhia Mato-grossense de Gás), ainda não sente os efeitos do corte. Apesar da pressão menor no interior do duto, há volume suficiente para manter a distribuição aos dois postos de combustível que comercializam o GNV (Gás Natural Veicular) na Capital. O consumo diário está em cerca de 10 mil m³, o que ao mês fica em torno de 300 mil m³.





Fonte: 24HorasNews

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/276648/visualizar/