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Polícia Brasil
Domingo - 10 de Setembro de 2006 às 07:41
Por: Adilson Rosa

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A funcionária pública Z.R.Z., de 50 anos, caiu no golpe do “falso prêmio”, na semana passada, ao ser convencida, numa conversa pelo telefone, a comprar três cartões de telefones celulares no valor de R$ 90 cada. Em troca, ela receberia vários prêmios e concorreria a um carro zero quilômetro. Ela tinha repassado o código de dois cartões e só não enviou o terceiro porque na hora chegou um sobrinho que desconfiou do golpe e tomou o telefone dela.

Z.R. não sabia, mas ao acreditar nas promessas dos golpistas, acabou alimentando o crime organizado que usa telefones celulares de dentro dos presídios para comandar assaltos e tráfico de drogas. O golpe, conforme explicação da polícia, é geralmente arquitetado nos presídios cariocas, mas parte desses créditos acaba sendo utilizada por criminosos que estão presos em unidades prisionais de Mato Grosso.

Outra modalidade do golpe consiste no falso seqüestro. Uma pessoa liga dizendo que uma pessoa da família se acidentou. Em seguida, diz que se trata de um seqüestro e orienta o interlocutor para que o resgate seja pago através de cartões de celulares, bastando para tanto fornecer o número do cartão, caso não queira receber o familiar morto.

Na Grande Cuiabá, a Polícia registra uma média de pelo menos um caso desses por dia, mas o número pode ser ainda maior porque, ao perceber que se trata de um golpe, as quase vítimas acabam não registrando a ocorrência. A Polícia não tem contabilizado quantas vítimas chegam a passar os créditos dos cartões de celulares, mas estima que seja um índice razoável, já que o golpe continua sendo tentado contra um número cada vez maior de pessoas.

“Com esses créditos, criou-se um mercado lucrativo dentro dos presídios. Tão lucrativo que os detentos até abandonaram o esquema de central telefônica”, observou o delegado Luciano Inácio, da Gerência de Repressão a Seqüestros e Investigações Especiais (Gresie) da Polícia Civil.

Conforme o Gresie, os telefonemas são originados de dentro de presídios cariocas. Com os créditos obtidos de celulares pré-pagos, os criminosos criam uma espécie de “banco de dados” que acaba sendo negociado. A revenda é feita para celulares pré-pagos de presos em qualquer prisão do país. “Os criminosos acumulam R$ 1.000 e acabam revendendo por R$ 200 ou R$ 300”, exemplificou o delegado.

Os créditos são acumulados e, em seguida, revendidos para bandidos dentro das cadeias que negociam assaltos, tráfico de drogas e até homicídios. Na lista dos clientes estão detentos de unidades prisionais de Mato Grosso.

Para poder fornecer para todo o país, os criminosos exigem cartões de operadoras que agem em todo o país e com tecnologia GSM. É que, em alguns casos, os presos trocam os chips mudando de operadora e dificultando a identificação.

Luciano Inácio lembrou que essas duas novas modalidades de golpe substituíram o também falso seqüestro por telefone.





Fonte: Diário de Cuiabá

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