Danielle Winits é candidata a vilã em Páginas da Vida
Infeliz com a vida e com a felicidade daqueles que a rodeiam, principalmente do amado Jorge, vivido por Thiago Lacerda, ela vai colocar em ação seus planos de vingança. Dentre eles, uma possível gravidez de Sandra, fruto da relação entre ela e o mulherengo Greg, vivido por José Mayer, marido da ciumenta Carmem, sua "quase irmã" interpretada por Natália do Vale. Aos 32 anos e com 13 de carreira televisiva inteiramente realizada na Globo, esta é a primeira vilã que Danielle interpreta, coincidentemente em sua estréia em novelas do Maneco. "A Sandra será capaz de fazer qualquer coisa para atingir seus objetivos", adianta a atriz.
Qual foi a sua primeira impressão da Sandra? Logo de cara, vi que a Sandra era uma personagem riquíssima e cheia de nuances. Não só para o lado positivo, mas também para o negativo, com uma personalidade distorcida e, ao mesmo tempo, muito objetiva para aquilo que ela quer da vida. Ela ainda é uma menina sonhadora, que quer batalhar por seu verdadeiro amor e pelo sucesso profissional. Mas a Sandra só não sabe direito que meios utilizará para conquistar estas coisas. E eles podem ser duvidosos. Não sei até onde ela pode chegar para atingir os seus objetivos. A primeira impressão que tive foi de uma personagem multifacetada.
Como você encara esse jeito "ousado" e, ao mesmo tempo, desorientado da Sandra?
Quando Páginas da Vida começou, a história se passava em 2001. A Sandra ainda tinha 21 anos e estava em busca do que fazer, não tinha idéia do caminho que iria trilhar, mas gostava de não fazer nada, da boa vida que tinha. Isso a retratava muito bem. Apesar de ser filha de empregados, ela foi criada numa casa onde teve todas as regalias. Seu quarto, inclusive, é dentro da casa. Ela tem alma de "patricinha", gosta de ir ao shopping e de fazer coisas além de suas condições financeiras. A Sandra não é uma menina de posses. Mesmo assim, ela se sente tão poderosa quanto as outras mulheres da casa. E essa situação gera uma contradição muito grande dentro da sua cabeça. Então, a Sandra tem razões para agir assim. Ela foi criada como membro da família e, por isso, se sente livre para sonhar. Acredito que ela vá encontrar um caminho, ao longo da novela, para resolver esse "conflito" da maneira que achar correta.
A partir desse "conflito", que mudanças ela irá viver?
Não tenho a menor idéia... Muita coisa vai acontecer, como a chegada da Thelma, sua irmã, que será vivida pela Grazielli Massafera, e também da Simone, interpretada pela Christine Fernandes, que o Jorge conheceu no primeiro capítulo e que Sandra, num acesso de ciúmes, apaga as fotos dela do computador. Não tenho muita noção de como ela vai encarar essas duas mulheres e como ela vai resistir a essa "corrida" atrás do Jorge. Não sei se a Sandra vai desistir, se vai lutar por seu amor ou se vai enlouquecer. Ela pode seguir vários caminhos.
Em algumas entrevistas você já declarou que o gostoso da sua profissão é representar personagens bem diferentes. Nesse sentido, como você avalia a sua personagem de Páginas da Vida?
Essa é a maravilha de ser atriz, poder contar com um leque de opções. E o Maneco me trouxe isso com a Sandra de Páginas da Vida, uma personagem ambígua que eu nunca vivido. Eu estava vindo de trabalhos mais em cima de comédia. Até fiz uma heroína romântica em Kubanacan, com um jeitinho mais bondoso. Enfim, sei que está sendo diferente e superbacana viver a Sandra.
Muitas das suas personagens tiveram um jeitinho meio espevitado, engraçado e, ao mesmo tempo, sensual. Essas são características suas?
Acho que cada ator acaba imprimindo um pouco da própria identidade aos personagens. Até porque, caso contrário, não seria o próprio ator. Tenho um pouco esse lado, sim. E muitas das minhas personagens necessitavam dessa alegria, desse pavio sempre aceso, um jeito bem "moleque" meu, que gosta de "brincar de casinha".
Você faz parte do núcleo de atores mais experientes da novela. Isso reflete diretamente no seu trabalho?
Acho que só soma, mas não apenas para mim ¿ que já estou há mais de dez anos fazendo televisão. Acrescenta, sobretudo, aos atores mais jovens, que estão chegando agora. O trabalho fica mais rico em termos de concentração e disciplina. Acho que só tem a somar e a valorizar a obra como ela merece. Este é um trabalho bastante minucioso e difícil de ser feito. Escrever sobre o cotidiano das pessoas, retratá-lo e, ao mesmo tempo, conseguir agradar a maioria, merece muito respeito. Nesse sentido, vejo um elenco de peso como elemento fundamental.
Páginas da Vida é o seu 14º trabalho na tevê, entre novelas e minisséries. Você conseguiria traçar um paralelo entre a Sandra e, por exemplo, a Eva, sua personagem de estréia, em Sex Appeal?
Ficou tão distante, né? Eu era garota, praticamente saindo da adolescência. Minha bagagem agora é outra, as experiências nos mudam muito. Principalmente para nós atores que, em geral, vamos melhorando à medida que ficamos mais velhos. Apesar de vivermos num país onde as pessoas priorizam demasiadamente a juventude, já que, hoje em dia, a beleza é um fator decisivo, sou a favor do contrário. Com o passar do tempo, adquiro mais experiências e faço observações diárias. Portanto, hoje tenho muito mais mecanismos para construir personagens diversificados do que na juventude, quando não dispunha de vivência e de conhecimento. Acredito que tudo vai ficando mais interessante no decorrer dos anos.
Muitas pessoas remetem você a personagens de Carlos Lombardi, que foram seus últimos trabalhos na tevê. Já no início da sua carreira, fez várias novelas do Antônio Calmon. Você já se sentiu marcada por algum papel ou por uma seqüência de personagens de um mesmo autor?
Não. Muito pelo contrário. Acho um privilégio poder fazer vários trabalhos de um mesmo autor ou diretor, uma pessoa que acredita em mim e gosta da maneira como interpreto. Não vejo isso de forma negativa nem tenho medo de ficar marcada por um trabalho. É positivo para o ator ter essa rotatividade como profissional. Agora, se ela não vier, também é uma situação bem-vinda. O que não dá é ter medo do trabalho. O segredo está em imprimir novas características em um personagem parecido com outro que você já fez e transformá-lo em uma personalidade marcante. Seria uma perda de tempo pensar que estamos marcados por um papel ou um tipo de personagem. E temos de valorizar os autores que nos dão valor.
Nesses anos de carreira, como você avalia a sua evolução como atriz?
De uma forma superpositiva. Costumo dizer que sou feliz trabalhando no meu ofício. Não importa se vou fazer teatro de rua, se vou atuar no Nordeste ou no Norte, onde as pessoas têm menos oportunidades. Eu gosto desse tráfego. Para mim, caminhar é fundamental, porque o destino a Deus pertence. Nessa minha profissão, não acredito que exista um final. Existe um caminho, que é o mais importante. E o meu tem sido muito feliz.
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