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Internacional
Sexta - 08 de Setembro de 2006 às 23:00

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O ex-presidente iraniano Mohammed Khatami lamenta a crise dos reféns norte-americanos em seu país, em 1979-80, e considera o Holocausto um "fato histórico", segundo entrevista publicada na sexta-feira.

"Acredito que o Holocausto é o crime do nazismo. Mas é possível que o Holocausto, que é um fato absoluto, um fato histórico, seja mal usado. O Holocausto não deve, de forma alguma, ser pretexto para a supressão dos direitos dos palestinos", disse ele à revista Time, dos EUA.

Khatami é considerado um reformista que passou todo o seu mandato (1997-2005) enfrentando a resistência dos conservadores. Seu sucessor, o radical Mahmoud Ahmadinejad, retomou as políticas conservadoras, fez ameaças de destruir Israel e negou a ocorrência do Holocausto, que matou 6 milhões de judeus.

"Pessoalmente acredito que ele (Ahmadinejad) não negou a existência do Holocausto", disse Khatami à Time.

Quanto à crise dos reféns, iniciada em 1979, quando estudantes radicais ocuparam a embaixada dos EUA em Teerã e mantiveram 52 norte-americanos sob seu controle durante 444 dias, Khatami disse que o fato foi uma reação a décadas de exploração norte-americana sobre o Irã.

"Lamento a crise dos reféns, o sequestro. E fico solidário com os reféns e com suas famílias por sua perda e sua dor. Mas foi uma reação revolucionária a meio século em que os EUA fizeram o Irã de refém", declarou.

Khatami é o iraniano mais importante a visitar os EUA em várias décadas — excluídas passagens de dirigentes do país pela sede da ONU, em Nova York. Ahmadinejad falou na Assembléia Geral da ONU em 2005 e solicitou visto para fazer isso outra vez este ano.

O Departamento de Estado disse que ainda não se decidiu sobre o visto, mas dificilmente vai rejeitá-lo, devido às obrigações dos EUA como país-sede da ONU.

A visita de Khatami aos EUA, que também inclui escalas em Nova York, Chicago e na Universidade Harvard, criou polêmica, devido às acusações de Washington de que a República Islâmica patrocina o terrorismo internacional e desenvolver armas de destruição em massa.

Em entrevista coletiva na quinta-feira em Washington, Khatami alertou os EUA a não ameaçarem o Irã. Embora ele defenda um diálogo entre as civilizações, disse que neste momento há desconfiança demais entre Washington e Teerã para que haja negociações.

Em resposta, o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, disse que "para começar a falar sobre o discurso de ameaças [é preciso citar] o próprio presidente dele, o presidente Ahmadinejad, por suas ameaças de eliminar o Estado de Israel do mapa."

Khatami disse à Time que ficou "realmente chateado" com o presidente George W. Bush pela inclusão do Irã na lista de inimigos que Bush chamou de "eixo do mal". Mas Khatami também fez elogios aos EUA, "um ótimo e grande país".

Na opinião dele, "a prepotência e o orgulho, talvez a arrogância", levaram os EUA a invadirem o Iraque. Ele defendeu que a ocupação norte-americana no país vizinho ao Irã""termine assim que possível".





Fonte: Reuters

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