Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sexta - 08 de Setembro de 2006 às 14:35

    Imprimir


Os atentados de 11 de setembro marcaram como nenhum outro acontecimento o mandato de George W. Bush, imerso desde então em uma campanha messiânica de mudança do Oriente Médio que, para bem ou para mal, se transformará em seu legado histórico.

"O 11 de setembro deu ao mandato de Bush um sentido de missão", disse à Efe Bruce Newman, professor da Universidade DePaul (Chicago) e autor de vários livros sobre marketing político e a Presidência dos Estados Unidos, que acredita que desde então o presidente americano enxerga a si mesmo como "o líder do mundo livre".

O projeto de democratização forçada das nações árabes que os EUA iniciou após os atentados de 11 de setembro contou em um primeiro momento com o apoio popular de um país comovido pelos atos terroristas ocorridos há cinco anos, que mataram cerca de três mil pessoas.

No entanto, o mau andamento da Guerra do Iraque e as dúvidas sobre os verdadeiros motivos que levaram à ofensiva atingiram a popularidade de Bush entre seus compatriotas, que questionam cada vez mais a honestidade do homem que governa os Estados Unidos.

Nesse sentido, as enquetes realizadas pelo Centro de Pesquisa Pew mostram que antes das eleições de 2004 a palavra mais utilizada para definir Bush era "honesto". Dois anos, uma guerra e um furacão mais tarde, o termo mais empregado é "incompetente".

"O suposto vínculo entre o Iraque e os atentados de setembro de 2001 é cada vez mais questionado", afirma Newman, que pensa que dúvidas como essa deslegitimaram a ofensiva contra o país que era governado por Saddam Hussein, minguando assim a credibilidade de Bush.

No meio dessa tempestade política, o presidente americano e seus assessores optaram por mudar de estratégia, preferindo um discurso que busca uma perspectiva histórica para a Guerra do Iraque e uma campanha mais ampla de transformação do Oriente Médio.

O discurso pronunciado por Bush em Salt Lake City (Utah), no final de agosto, é uma boa amostra do que Newman descreve como "técnicas persuasivas".

Nesse discurso, Bush comparou os radicais islâmicos com fascistas, nazistas, comunistas e "outros totalitários", e afirmou que a guerra contra esses grupos é a "batalha ideológica decisiva do século XXI".

O presidente americano disse também que esta será uma "longa guerra", com o enfrentamento dos que acreditam nos valores da "liberdade e da moderação" contra os que são regidos pelos valores "da tirania e do extremismo" e pelo direito "de impor sua visão fanática sobre os demais".

As palavras de Bush não convencem o ceticismo do professor de Chicago, que insiste que a única intenção da Casa Branca é controlar os recursos petrolíferos do Oriente Médio.

No entanto, outros especialistas acreditam nas boas intenções do presidente dos EUA, apesar de duvidarem que o método escolhido pelo governante tenha sido o adequado.

"Impulsionar a democracia mediante invasões e ocupações não é uma boa estratégia", disse à Efe David Shanzer, diretor do Centro sobre Terrorismo da Universidade de Duke, que pensa que Bush é "sincero" em sua tentativa de encontrar uma solução para o fundamentalismo islâmico.

Enquanto aguardam que a história julgue as decisões do líder americano e de seus assessores, diferentes analistas insistem que até o momento a estratégia adotada não fez mais do que piorar as coisas.

"A Guerra do Iraque aumentou o problema do terrorismo e o recrutamento de terroristas", afirmou à Efe Michael Traugott, professor da Universidade de Michigan.

Traugott diz que Bush não será capaz de recuperar-se das conseqüências negativas da Guerra do Iraque nos dois anos que restam de seu mandato, e adianta que o atual presidente americano será julgado por sua decisão de adotar essa campanha.

"A deterioração das relações com seus aliados, especialmente os europeus, pelos desacordos sobre o Iraque e o tratamento dado aos prisioneiros de guerra serão o principal legado da Presidência de Bush", prevê Traugott.





Fonte: EFE

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/277020/visualizar/