Petrobras diz que Bolívia não dá conta de contratos de gás
"Se todos os compradores pedirem os volumes máximos pedidos em contrato, não tem capacidade de produção hoje para atender", disse à Folha ontem, por telefone.
"Isso não chega a ser um problema para o Brasil porque o contrato GSA [Acordo de Fornecimento de Gás, na sigla em inglês] tem prioridade sobre os outros. Então, atende o GSA e depois os demais. Mas, se for para todo mundo, não tem como atender", afirmou Freitas.
O contrato GSA, que termina em 2019, prevê a compra de até 30 milhões de metros cúbicos diários, mas atualmente o fluxo está em 26 milhões de metros cúbicos/dia.
Depois do GSA, o segundo contrato mais importante é com a Argentina, que atualmente compra apenas 4,9 milhões de metros cúbicos/dia dos 7,7 milhões de metros cúbicos diários. Os demais contratos são para o fornecimento de gás à usina termelétrica Governador Mário Covas, em Cuiabá, e para a Comgás, além do mercado interno boliviano.
"As prioridades são o consumo interno e o contrato com o Brasil. Para esses dois, tem. Agora, para o resto, não tem", explicou Freitas. A Cainco (Câmara de Indústria, Comércio, Serviços e Turismo de Santa Cruz), o equivalente à Fiesp boliviana, tem avaliação semelhante sobre os riscos da falta de investimentos. Na semana passada, uma comitiva liderada pelo seu presidente, Carlos Dabdoub, esteve em São Paulo e em Brasília para advertir empresários e o governo para a falta de investimentos no setor.
"A nós nos preocupa quando os investimentos se vão do nosso país, e com isso as reservas [de gás] caem drasticamente. Isso significa que não é um negócio sustentável sustentável a longo prazo", disse Dabdoub à Folha, em entrevista concedida na semana passada, durante a visita a São Paulo.
Sem novos investimentos
Freitas voltou a afirmar que o decreto de nacionalização, de 1º de maio, não oferece as condições para novos investimentos no setor de gás na Bolívia. "Na avaliação da Petrobras, não há condições hoje, dentro desse marco [da nacionalização], de fazer novos investimentos." .
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