Chapada recebe Exposição Diversidade
Com o propósito de divulgar as artes mato-grossenses e despertar o interesse de estudantes de arte e professores e educar e sensibilizar artisticamente este público, a exposição teve início em junho na cidade de Tangará da Serra. No mês de agosto, foi a vez do município de Poconé e a capital mato-grossense será a última a receber a mostra, que está programada para o final do mês.
Segundo a artista plástica Tuka Calgaro, o tema Diversidade foi escolhido, porque, além de ser atual, é também de extrema importância, para as pessoas que trabalham com cultura. "Decidimos utilizar o termo pela forma diversificada de trabalho de cada um dos artistas, como os temas, as cores e os cenários presentes nesta exposição", ressalta.
Estarão expostos dez trabalhos de cada artista, em acrílico sobre tela, que têm em comum o colorido e a alegria de elementos que retratam o cotidiano das cidades interioranas, a mulher cuiabana e a natureza.
Além da mostra, os interessados também podem participar de um bate-papo com os artistas. Uma oficina será realizada amanhã, 9, no período da manhã. A intenção é promover a troca de experiências entre os artistas e o público, e ainda, discutir sobre a arte que está sendo produzida em no estado.
Na ocasião, são apresentados os principais movimentos artísticos que se desenvolveram pelo mundo; um painel sobre a história do desenvolvimento das artes plásticas em Mato Grosso; e ainda, noções básicas sobre diversas técnicas de pintura. "As oficinas visam sensibilizar e "enriquecer o olhar", além de despertar o interesse das pessoas, que não tem acesso constante à ações culturais como esta", ressalta Tuka.
A experiência - Na terceira e penúltima etapa do projeto, os artistas fazem uma avaliação inicial sobre o trabalho. De acordo com eles, o balanço é positivo. "Trabalhar em conjunto é bem interessante. Como cada um possui habilidades diferentes, isso ajuda muito, até mesmo pra mediar situações, conversar e tomar iniciativas", comenta Zeilton.
Com relação à experiência de realizar a exposição no interior, eles são unânimes: é sempre muito proveitoso. Tuka lembra que se depararam com situações inesperadas, com pessoas interessantes e artistas natos, que só precisam se descobrir e serem descobertos.
"Uma das coisas que observamos, é que alguns artistas não fazem o uso da tinta acrílica, por ser de secagem muito rápida, necessitando assim, de maior habilidade para ser manuseada", comenta Tuka, acrescentando que, com o projeto, por meio das oficinas, eles estão auxiliando esses artistas no processo, fazendo com que descubram a tinta acrílica e suas possibilidades.
Além disso, foi produzido um catálogo, com fotos de todas as obras que se encontram na exposição, e textos críticos do professor doutor José Serafim Bertoloto. "A parte mais relevante de todo esse trabalho, sem dúvida está na troca de informações que ocorre no decorrer dos bate-papos que realizamos e o estímulo para que mais pessoas desenvolvam trabalhos dentro da área da cultura", descreve Zé Pereira.
Os artistas já haviam realizado um projeto juntos anteriormente, uma exposição na Secretaria Estadual de Cultura, intitulada "Profusão de Formas Cores e Amores", mas em projetos com essa dimensão e abrangência é a primeira vez. Sobre parcerias futuras, ainda não tiveram tempo para conversar e planejar algo.
Os artistas - Os três artistas vêm desenvolvendo relevante trabalho com a intenção de contribuir para manter a cena das artes visuais pulsante em Mato Grosso, expondo sua obra e trocando suas experiências com grupos de adolescestes de bairros periféricos e de escolas públicas de Cuiabá, e agora partem com suas obras para serem apresentadas aos moradores de outros municípios.
Vindo da Bahia e residindo em Cuiabá desde seus quatro anos, Zeilton Mattos explora com segurança a cultura mato-grossense. Com obras de um colorido acentuado, com tons fortes, espontaneidade e harmonia entre as formas, gera uma atmosfera de alegria. Sua principal influência vem do modernismo brasileiro e suas mulheres têm forte influência picassiana. Várias outras obras também passeiam no universo imaginativo de Tarsila do Amaral.
Seus trabalhos já renderam mais de oito exposições individuais e sete coletivas. Zeilton se configura hoje como um grande colaborador de Projetos Sociais e Artísticos nas Escolas da rede municipal de ensino de Cuiabá.
O também baiano José Pereira da Silva, dos três artistas expositores, é o que mais currículo acumulou na trajetória artística. Sua formação começou em 1.989 junto ao atelier da então Fundação Cultural de Mato Grosso - hoje Secretaria de Estado de Cultura. Sua marca registrada é o cotidiano das cidades interioranas, retratando os homens em seus afazeres corriqueiros, trabalhando ou divertindo-se em jogos de carta ou de bola, ou mesmo em conversas na janela ou pela rua. Em seu currículo, aproximadamente 20 exposições, entre coletivas e individuais.
Dentre os três artistas, Tuka Calgaro é a que chegou mais recentemente à Cuiabá. Vinda do Rio Grande do Sul, onde estudou desenho e plástica, busca o novo. Seus experimentos já resultaram trabalhos em madeira, seda e papel reciclado. Em algumas obras, as imagens são seqüenciais e repetidas, muitas vezes extrapolando a tela para criar uma moldura, com elementos recortados do objeto principal. Tuka já realizou cerca de 11 exposições. Em busca de mais elementos para sua arte, paralelamente à sua pintura, atualmente é acadêmica do curso tecnológico de Artes Cênicas, da Universidade de Cuiabá (Unic).
A exposição Diversidade conta com patrocínio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, da Secretaria de Estado de Cultura e do Governo no Estado, e apoio da Casa das Molduras.
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