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Internacional
Sexta - 08 de Setembro de 2006 às 05:40

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Os três candidatos à sucessão de Junichiro Koizumi à frente do Governo e do Partido Liberal-Democrata (PLD) abriram hoje a campanha para as eleições internas da formação, no dia 20 de setembro, que deverão representar um marco na política japonesa.

"Chegou finalmente o dia", afirmou o ministro porta-voz do Governo, Shinzo Abe, de 51 anos, favorito para substituir Koizumi. O primeiro-ministro abandonará este mês os seus cargos, depois de mais de cinco anos à frente do Executivo.

Além de Abe, disputam a Presidência do PLD o ministro de Relações Exteriores, Taro Aso, e o de Finanças, Sadakazu Tanigaki. Mas os dois estão muito atrás do porta-voz do Governo em suas expectativas de receber o apoio dos militantes do partido.

No dia 20 de setembro, 403 deputados e 300 representantes locais do PLD vão às urnas, representando de mais de 1 milhão de militantes, para escolher seu novo presidente.

No dia 26 de setembro, o Parlamento japonês nomeará como primeiro-ministro o candidato apresentado pelo PLD, que dispõe de ampla maioria no Legislativo.

Todas as enquetes e os analistas dão Abe como virtual vencedor.

Ele conta com o apoio expresso de Koizumi e representa as alas mais conservadoras do partido. Além disso, recebe a simpatia de grande parte da sociedade japonesa.

Abe é conhecido como "Príncipe" entre seus companheiros de partido, por seus modos requintados e por descender de uma tradicional família de líderes políticos. Ele está disposto a lançar mão de todos os seus recursos para ser o novo primeiro-ministro.

Hoje, o favorito voltou a falar de sua principal plataforma. Ele pretende mudar a Constituição e renovar o orgulho de ser japonês.

Uma proposta ousada num momento em que metade da Ásia procura lembrar ao povo do Japão as atrocidades e abusos cometidos durante a Segunda Guerra Mundial.

"Quero deixar claro ao povo que quero exercer minha liderança promulgando uma nova Constituição, para libertar o Japão do lastro de seu regime do pós-guerra", afirmou Abe.

Segundo a agência "Kyodo", ele dispõe do apoio de 70% dos deputados do PLD. Muitos deles lembram que o estilo de "falcão" da política japonesa vem de família. Seu pai, Shintaro Abe, foi ministro de Relações Exteriores e morreu de câncer em 1991, quando pretendia assumir a chefia de Governo.

Mas a personalidade conservadora de Abe é herança de uma geração anterior. Seu avô, Nobusuke Kishi, foi primeiro-ministro após a Segunda Guerra Mundial, apesar de ter sido detido como suspeito de crimes de guerra ao fim do conflito.

Um dos objetivos políticos de Abe é realizar o sonho de seu avô, ou seja, derrubar a atual Constituição pacifista de 1947, redigida sob a inspiração dos vitoriosos Estados Unidos.

Muito atrás de Abe aparece Tanigaki, de 61 anos, um tecnocrata capaz de fazer milagres com as finanças do país. Mas falta a ele o carisma de seus adversários.

Filho do ex-ministro da Educação Senichi Tanigaki, ele conhece muito bem a Administração japonesa. Já ocupou também os cargos de ministro da Revitalização Industrial e de presidente da Comissão de Segurança Pública Nacional.

Mais moderado dos três adversários, Tanigaki tem como meta principal retomar o diálogo com os vizinhos asiáticos, alfinetados por Koizumi com suas visitas ao santuário nacionalista de Yasukuni, considerado na Ásia como símbolo do militarismo japonês.

No terreno econômico, Tanigaki pretende elevar os impostos sobre as vendas em 10% até 2015, para criar um colchão financeiro que impeça novas crises econômicas como as dos anos 80 e 90.

O terceiro candidato é Taro Aso, 65 anos, chefe da diplomacia japonesa e outro homem da linha dura do PLD. Alguns acreditam que ele é apenas um fantoche nesta campanha, destinado a tirar votos de Tanigaki e favorecer Abe.

Aso, outro dos "falcões" de Koizumi, não esconde sua plataforma de revitalizar o orgulho japonês na Ásia. Mas, ao contrário de Abe, parece mais preocupado com os laços com a China e a Coréia do Sul.

O chanceler é neto do ex-chefe do Governo Shigeru Yoshida e genro de outro ex-primeiro-ministro, Zenko Suzuki. É um fã assumido dos "mangás" (histórias em quadrinhos japonesas) e defendeu o Japão nas Olimpíadas de Montreal, em 1976, integrando a equipe de tiro.





Fonte: EFE

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