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Internacional
Quarta - 06 de Setembro de 2006 às 19:35

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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, admitiu na quarta-feira que a CIA manteve um programa secreto de detenção de suspeitos de terrorismo no exterior e que 14 desses presos foram transferidos para a prisão militar de Guantánamo.

A despeito das críticas de entidades de direitos humanos às detenções secretas da CIA, reveladas em 2005 pelo jornal The Washington Post, Bush defendeu a prática e disse que a agência tratou os presos de forma humana, sem torturá-los.

"Se não tivéssemos esse programa, nossa comunidade de inteligência acha que a Al Qaeda e seus aliados teriam conseguido lançar outro ataque terrorista contra a pátria norte-americana. Usando as informações sobre planos terroristas que obtivemos em outros lugares, este programa salvou vidas inocentes", disse Bush em discurso.

Segundo ele, os 14 presos transferidos para a base naval de Guantánamo, encravada em Cuba, devem ser julgados pelos tribunais militares cuja criação o governo espera aprovar no Congresso.

O governo precisa criar um novo método para julgar os suspeitos estrangeiros de terrorismo, porque em junho a Suprema Corte rejeitou o sistema de tribunais militares estabelecido em Guantánamo para julgar os suspeitos, a maioria deles capturados no Afeganistão.

Bush disse que entre os 14 presos transferidos estão Khalid Sheik Mohammed, acusado de ser o mentor dos atentados de 11 de setembro de 2001, e dois outros dirigentes da Al Qaeda, Ramzi Binalshibh e Abu Zubaydah.

"Assim que o Congresso autorizar as comissões militares que propus, os homens que nossos serviços de inteligência crêem terem orquestrado as mortes de quase 3.000 norte-americanos em 11 de setembro de 2001 poderão enfrentar a Justiça", disse Bush.

Fontes do governo disseram que a CIA manteve menos de cem suspeitos presos. Os 14 transferidos para Guantánamo seriam os últimos desse grupo.

Bush não disse se as prisões secretas ficavam no exterior, mas há relatos de que havia instalações desse tipo no Leste Europeu. A reportagem do Washington Post revelando sua existência provocou indignação em muitos países europeus.

Em maio, a comissão da ONU contra torturas pediu aos EUA que fechassem suas prisões secretas no exterior, mas funcionários do governo disseram que o programa é essencial para o país e continuaria funcionando.

Bush vem abordando insistentemente temas de segurança e terrorismo nos últimos dias, aproveitando não só o quinto aniversário do 11 de Setembro, mas também a campanha para as eleições parlamentares de novembro, em que os republicanos podem perder a maioria do Congresso.

Mas mesmo entre os parlamentares republicanos há oposição à criação dos novos tribunais militares, que deve ser proposta na quarta-feira pelo governo. John Warner, presidente da Comissão de Serviços Armados do Senado, disse que vai apresentar um substitutivo na companhia de dois colegas.





Fonte: Reuters

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