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Internacional
Quarta - 06 de Setembro de 2006 às 15:57

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Senadores norte-americanos que defendem as pesquisas com células-tronco criticaram nesta quarta-feira cientistas de um laboratório por afirmarem que produziram células-tronco embrionárias sem destruir embriões. Na opinião dos parlamentares, a pesquisa foi mal explicada e acabou prejudicando a causa dos defensores das células-tronco.

Em agosto, o laboratório Advanced Cell Technology, de Massachusetts, disse ter retirado células individuais de embriões com alguns dias de existência e usado tais células para produzir linhagens de células-tronco.

Os pesquisadores disseram que essa experiência, publicada pela prestigiada revista Nature, apresentava uma forma ética de produzir as células-tronco sem destruir embriões, algo a que grupos conservadores se opõem.

Mas o senador republicano Arlen Specter, que apóia as pesquisas com células-tronco embrionárias, disse que os pesquisadores não fizeram o que declararam.

"Vocês tornaram o nosso trabalho bem mais duro", disse Specter, que tenta aprovar uma lei para ampliar as verbas federais destinadas a essas experiências. O presidente George W. Bush vetou em julho um projeto nesse sentido.

O que está em debate é se a equipe de Robert Lanza na Advanced Cell realmente obteve células-tronco de forma "ética," já que o experimento de laboratório buscava apenas demonstrar o princípio.

As células-tronco são uma espécie de manual de instruções do organismo, capaz de gerar qualquer tipo de órgão ou tecido, regenerando partes do corpo para o tratamento de diabetes, câncer e outras doenças.

A lei norte-americana não proíbe as pesquisas com embriões, mas não permite que verbas federais sejam dadas para isso.

Os cientistas dizem que, sem a supervisão e o dinheiro públicos, essa linha de pesquisas não vai prosperar nos EUA, embora avance em outros países, como a Grã-Bretanha.

A equipe de Lanza diz ter usado um método chamado Diagnóstico Genético por Pré-implantação (PGD, na sigla em inglês), pelo qual uma célula é retirada de um embrião com algumas horas de fecundação, que tem apenas oito a dez células.

O PGD analisa possíveis defeitos genéticos na célula e, se o embrião for normal, pode ser implantado no útero. Alguns casais portadores de distúrbios genéticos usam a técnica para conceber filhos saudáveis.

A retirada de uma célula não impede o desenvolvimento do embrião, e a equipe de Lanza disse que essa célula poderia ser usada para gerar células-tronco embrionárias.

Mas, por se tratar de uma experiência de laboratório, nenhum dos embriões usados foram implantados, e, na verdade, vários foram destruídos.

Além disso, nenhuma linhagem de células foi criada a partir de células individuais, e sim pela incubação de várias células juntas. Adversários usaram esses fatos para desacreditar o estudo. "O que eles fizeram nessa experiência definitivamente não é uma alternativa ética", disse Richard Doerflinger, que acompanha a questão para a Conferência de Bispos Católicos dos EUA.

"É extremamente improvável, na minha opinião, que um procedimento desses possa um dia se tornar uma alternativa ética", afirmou.

Specter disse que a conclusão do estudo de que há uma alternativa ética à destruição de embriões é "dramática, embora falsa".

"Essa técnica é usada em todo o mundo há anos", reagiu Lanza. "Tudo o que eu disse é absolutamente correto e preciso".

Mais tarde, ele se disse confuso com os questionamentos que ouviu de Specter na audiência da Subcomissão de Trabalho, Saúde e Serviços Humanos do Senado.

"Não é justo, não é certo", disse ele. "Eu sei que remover uma célula não tem impacto sobre o embrião".

Mas Specter disse que a empresa acabou interferindo nos esforços para aprovar a lei que amplia as verbas para as pesquisas.

"Temos de começar outra vez, com uma lei totalmente nova, e vamos fazê-lo", disse o senador, acrescentando que não há por enquanto votos suficientes para derrubar o veto de Bush.





Fonte: Reuters

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