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Internacional
Quarta - 06 de Setembro de 2006 às 06:18

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A princesa japonesa Kiko deu à luz um menino nesta quarta-feira, o primeiro herdeiro imperial nascido em mais de quatro décadas e a resposta ao desejo dos conservadores, que preferem que as mulheres fiquem longe do trono do Japão.

O nascimento adia por tempo indeterminado o plano de deixar mulheres assumirem o trono japonês, idéia que sofre oposição dos tradicionalistas, que querem preservar uma prática que afirmam ter mais de 2.000 anos. Mas isso também deve frustrar muitos japoneses, já que a maioria é a favor de direitos iguais para mulheres em relação ao trono.

Programas de TV anunciaram o nascimento do herdeiro ¿ o terceiro na linha sucessória, depois de seu tio e de seu pai. Mas a notícia do nascimento de um menino já vinha sendo anunciada durante semanas por tablóides.

Os jornais publicaram edições extra, disputadas nas ruas, para anunciar a chegada do primeiro neto do imperador.

Fãs da monarquia, carregando bandeiras japonesas e gritando "parabéns" saudaram o imperador Akihito e a imperatriz Michiko, quando os avós deixaram um hotel em Sapporo, no norte do Japão, onde estão em visita oficial.

"É um sentimento renovador que nos lembra o outono claro no céu", disse a repórteres o secretário-chefe do gabinete, Shinzo Abe, conservador que deve tornar-se primeiro-ministro do Japão neste mês.

Questionado sobre a lei de reforma sucessória, ele disse: "Para nós é importante discutir isso de maneira calma, cuidadosa e firme".

Uma autoridade da Agência Imperial disse a repórteres que Kiko deu à luz, por cirurgia cesariana, a um garoto de 2,558 quilos às 8h27 (20h27 de Brasília). Kiko, de 39 anos, e o bebê passam bem.

Nenhum bebê do sexo masculino nascia na família imperial desde o pai do recém-nascido, o príncipe Akishino, em 1965. Isso elevou a possibilidade de uma crise de sucessão. O Príncipe Naruhito, de 46 anos, e a princesa Masako, de 42, têm apenas uma filha, a Princesa Aiko, de 4 anos.

Cerimônias As cerimônias do nascimento incluem a colocação, pelo pai, de uma pequena espada perto do travesseiro do bebê para espantar os demônios. Os imperadores japoneses não são cultuados como deuses desde que Hirohito, pai de Akihito, renunciou à divindade depois da derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial. Eles também não têm autoridade política. Mas a monarquia continua rica em simbolismos e rituais.

Perto da Universidade Gakushuin, em Tóquio, onde Akishino e Kiko se conheceram, houve apresentação de um grupo de dança, foram alçadas pipas em forma de carpas e os moradores da região brindaram com vinho de arroz. "É bom ter nascido um menino, assim a família real pode manter sua linhagem masculina. Estou feliz pela manutenção da tradição do Japão", disse o médico Tadayuki Aman, de 77 anos.

Cerca de 70 pessoas reuniram-se perto do palácio imperial de Tóquio para cantar o hino nacional e gritar "Bonzai" (Vida Longa) ao bebê. O primeiro-ministro Junichiro Koizumi prometeu mudar a lei para permitir a ascensão de mulheres ao trono, mas a gravidez de Kiko parou a proposta, que abriria caminho para Aiko tornar-se a primeira imperatriz do Japão desde o século 18.

"Outros países do mundo têm mulheres monarcas. O Japão também deveria mudar", disse Masashi Yamaguchi, de 25 anos.

Especialistas concordam que será necessária uma mudança nas regras, já que é difícil garantir herdeiros homens sem concubinas reais. Esta prática terminou quando o imperador anterior, Hirohito, recusou-se a ter uma.

O nascimento é o capítulo mais recente de um drama que começou há mais de dois anos, quando Masako, ex-diplomata com formação em Harvard, desenvolveu problemas mentais devido à pressão da rígida vida real. Alguns fãs de Masako esperam que o nascimento alivie sua situação.

O Japão já teve oito mulheres exercendo o poder no trono, mas os conservadores ressaltam que elas assumiram apenas para preencher vácuos no poder.





Fonte: Reuters

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