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Nacional
Quarta - 06 de Setembro de 2006 às 03:30

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O Honda Civic que capotou domingo na capital fluminense, matando cinco jovens de 16 a 22 anos, estava a mais de 120 km/h na hora do desastre. O veículo derrapou na curva próxima à sede náutica do Vasco e bateu com a roda traseira no canteiro, ficando desgovernado. A conclusão é do engenheiro mecânico Murilo Pilotto, especialista em automóveis, coordenador de cursos de direção defensiva, chefe de equipe no campeonato de Endurance (corrida longa) e que já colaborou com perícias técnicas de acidentes. A pedido da reportagem, ele analisou o local e recriou a colisão.

A análise de Murilo coincide com a do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, que conclui que o veículo estava a mais de 100 km/h quando bateu. A velocidade permitida na Borges de Medeiros é de 70 km/h. O técnico também encontrou no local, ontem, três dias após a tragédia, partes do Honda, como pedaço do pneu 65 R 15, usado por esses modelos.

Para chegar à velocidade, Pilotto considerou a grande distância entre o local em que o motorista perdeu a direção e colidiu com o meio-fio de um canteiro e o ponto em que o carro parou. A violência do impacto com a árvore, que está totalmente descascada, também foi levada em conta.

"Ao fazer a curva, o motorista certamente perdeu o controle do carro, que bateu com a roda traseira no meio-fio, o que fez o Civic decolar", explicou Murilo, constatando que ao longo de 15 metros o Honda nem sequer encostou no chão, já que não há marcas no asfalto. A partir daí, o veículo foi capotando e a hipótese mais provável é que tenha batido com o teto na árvore. "Essa é a parte mais frágil do veículo", completa o engenheiro.

Sem cinto de segurança Os laudos cadavéricos do Instituto Médico-Legal também revelam que nenhum dos jovens usava cinto de segurança na hora do acidente. "Tanto, que foram arremessados para fora do carro", observou o diretor do IML, Roger Ancillotti.

Ontem de manhã, a cerimônia de cremação no Memorial do Carmo, no Caju, das estudantes Manoela de Billy Rocha, 16 anos, Ana Clara Rocha Padilla e Joana Kuo Chamis, ambas de 17 anos, foi marcada por homenagens. Os objetos preferidos delas, como ursos de pelúcia, almofadas de coração, fotos e roupas, foram colocados sobre os caixões. As músicas favoritas das meninas embalaram a dor das famílias na despedida.

A mãe de Manoela, Lorrane de Billy, leu um poema e, durante quase todo o tempo, ficou com o marido, Antonio Eduardo Rocha, debruçada sobre o caixão da filha. No momento em que o caixão entrou no forno crematório, a família se desesperou.

As famílias das meninas pensam em jogar as cinzas no mar, em Ipanema, praia que elas freqüentavam. Uma missa às 11h30 de sábado, na Igreja Santa Margarida Maria, na Lagoa, vai homenagear os cinco jovens ¿ além das jovens morreram os rapazes Ivan Rocha Guida, 19 anos, que dirigia o Honda, e Felipe Travassos de Azevedo Villela.

Clara: sonho de ser publicitária e morar fora Na última conversa que teve com um parente, antes do acidente que acabaria com sua vida, Ana Clara, 17 anos, falou do futuro, da paixão pelo primeiro namorado - Ivan, 18, também morto na colisão - e do desejo de morar no exterior. "Ela se formaria em Inglês ano que vem. Estava pensando em ir para a casa da minha irmã, em Londres. Mas seu maior plano era o vestibular para publicidade", contou a tia Cecília Martinho Rocha. Cecília foi com a sobrinha ao teatro horas antes do acidente. Depois, deixou Ana na casa de Manoela, 16.

Ontem, os colegas de turma das meninas, no Centro Educacional da Lagoa (CEL), voltaram à escola, depois de um dia de luto. Mas tiveram aula em outra sala. "Foi uma sugestão de uma mãe para tentar amenizar a dor e a saudade das amigas", explicou o diretor do colégio, George Cardoso. Ele contou que a mãe da Ana Clara pediu autorização à direção da escola para dar aulas de conscientização sobre direção segura.





Fonte: O Dia

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