Estudo mostra que pinturas podem ser ouvidas, além de vistas
Os sinestetas são pessoas em que um sentido desencadeia outro. Seus sentidos são interligados, de modo que, ao ver um quadro como "Composição VIII, 1923", do pintor russo, o trabalho também desencadeia sons.
"O que Kandinsky queria fazer era apelar para a audição também", disse em uma conferência científica britânica o neurocientista Jamie Ward, do University College London (UCL).
Não se sabe se o próprio Kandinsky era sinesteta, mas Ward disse que o artista certamente tinha consciência do fenômeno sensorial.
Os sinestetas compõem apenas 1 ou 2 por cento da população, mas Ward acredita que todas as pessoas façam um vínculo inconsciente entre música e arte visual.
Para testar a teoria, ele pediu a sinestetas, em uma série de experimentos, que desenhassem e descrevessem sua visão de música tocada pela New London Orchestra.
ANIMAÇÃO E IMAGENS
Outras pessoas que não têm sinestesia e que atuaram como grupo de controle fizeram o mesmo, e um artista profissional criou animações das imagens ligadas à música.
"Tocamos notas musicais para as pessoas e pedimos a elas que desenhassem e descrevessem o que viam", disse Ward.
Quando 100 imagens foram mostradas a mais de 200 pessoas e se pediu a elas que escolhessem as animações mais adequadas à música, elas sempre selecionavam as imagens criadas pelos sinestetas.
"É quase como se todo o mundo fosse capaz de apreciar essas imagens sinestésicas, mesmo que não tenha sinestesia", disse o cientista.
As pessoas nascem com sinestesia, uma condição herdada. Ward e outros cientistas acreditam que, ao estudar o fenômeno, poderão aprender mais sobre a interligação entre os sentidos e os pensamentos dentro do cérebro humano.
"Kandinsky queria tornar a arte visual mais como a música: mais abstrata", disse Ward. "E esperava que suas pinturas pudessem ser ouvidas por seu público."
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