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Terça - 05 de Setembro de 2006 às 07:10

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Artistas como Wassily Kandinsky atraem as pessoas não apenas pelo sentido da visão, mas também porque seu trabalho pode ser ouvido — pelo menos por algumas pessoas, disse um neurocientista britânico na segunda-feira.

Os sinestetas são pessoas em que um sentido desencadeia outro. Seus sentidos são interligados, de modo que, ao ver um quadro como "Composição VIII, 1923", do pintor russo, o trabalho também desencadeia sons.

"O que Kandinsky queria fazer era apelar para a audição também", disse em uma conferência científica britânica o neurocientista Jamie Ward, do University College London (UCL).

Não se sabe se o próprio Kandinsky era sinesteta, mas Ward disse que o artista certamente tinha consciência do fenômeno sensorial.

Os sinestetas compõem apenas 1 ou 2 por cento da população, mas Ward acredita que todas as pessoas façam um vínculo inconsciente entre música e arte visual.

Para testar a teoria, ele pediu a sinestetas, em uma série de experimentos, que desenhassem e descrevessem sua visão de música tocada pela New London Orchestra.

ANIMAÇÃO E IMAGENS

Outras pessoas que não têm sinestesia e que atuaram como grupo de controle fizeram o mesmo, e um artista profissional criou animações das imagens ligadas à música.

"Tocamos notas musicais para as pessoas e pedimos a elas que desenhassem e descrevessem o que viam", disse Ward.

Quando 100 imagens foram mostradas a mais de 200 pessoas e se pediu a elas que escolhessem as animações mais adequadas à música, elas sempre selecionavam as imagens criadas pelos sinestetas.

"É quase como se todo o mundo fosse capaz de apreciar essas imagens sinestésicas, mesmo que não tenha sinestesia", disse o cientista.

As pessoas nascem com sinestesia, uma condição herdada. Ward e outros cientistas acreditam que, ao estudar o fenômeno, poderão aprender mais sobre a interligação entre os sentidos e os pensamentos dentro do cérebro humano.

"Kandinsky queria tornar a arte visual mais como a música: mais abstrata", disse Ward. "E esperava que suas pinturas pudessem ser ouvidas por seu público."





Fonte: EFE

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