Religião não pode justificar terrorismo, diz papa Bento 16
As declarações constam de uma mensagem a líderes religiosos de todo o mundo reunidos em Assis, cidade natal de são Francisco, na Itália. O evento marca o 20o. aniversário de um encontro inter-religioso promovido pelo antecessor de Bento 16, João Paulo 2o.
"É ilícito para qualquer um usar diferenças religiosas como razão ou desculpa para a violência contra outros seres humanos", disse o papa no texto.
A uma semana do quinto aniversário dos atentados de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos, o pontífice não fez nenhuma menção específica ao Islã. Mas a referência ao ataque cometido por militantes da Al Qaeda era clara. Bento 16 afirmou que o novo milênio começou com "cenários de terrorismo que nem começaram a se apagar".
O papa, que no passado fez apelos específicos a líderes muçulmanos contra o terror, disse que os dirigentes religiosos têm o dever de elaborar uma "pedagogia da paz", que ensine aos jovens o valor do diálogo entre as diferentes culturas e religiões.
"Nunca antes tivemos tanto a necessidade dessa educação quanto agora, especialmente se olharmos para as novas gerações. Tantos jovens em áreas marcadas pelo conflito aprendem sentimentos de ódio e vingança, em contextos ideológicos onde as sementes de antigos rancores são cultivadas e as psiques são preparadas para a futura violência".
No sábado, a Al Qaeda conclamou o presidente dos EUA, George W. Bush, e todos os não-muçulmanos, especialmente norte-americanos, a se converterem ao Islã e abandonarem suas práticas "equivocadas". Do contrário, disse o grupo, haverá consequências.
O alerta foi feito em um site por um orador identificado como Adam Yahiye Gadahn — um muçulmano convertido, que estaria envolvido numa campanha de propaganda para a Al Qaeda.
Um dos principais participantes da reunião de Assis foi Ahmed Al Tayyeb, reitor da universidade Al Azhar, do Cairo, centro histórico do conhecimento do Islã sunita. Al Tayyeb é considerado um dos líderes mais influentes do mundo muçulmano.
Ele lamentou que muitas vezes as vozes dos líderes religiosos em prol do diálogo pareçam "gritos no deserto". A reunião de Assis foi promovida pela ordem franciscana e pela Comunidade de São Egidio, um grupo pacifista internacional com sede em Roma.
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