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Domingo - 03 de Setembro de 2006 às 13:00

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Alexandre Barillari lembra muito um personagem da "commedia dell'arte". Sem papas na língua, o ator passa do drama à comédia em questão de segundos a cada frase. Esse hábito de se expressar sem se preocupar com as interpretações de cada frase dita mostra a irreverência do carioca de 31 anos.

Na pele do vilão Gustavo em Cristal, do SBT, o ator diz para quem quiser ouvir não está satisfeito com a falta de ação de seu personagem na trama.

"Sou obsessivo com meu trabalho. Passo o texto 30 vezes, esmiuço cada letra. Acho comprometedor meu personagem não explodir. Ele não acontece porque o público não se identifica mais com dramalhões venezuelanos", dispara Alexandre, que no ano passado viveu Guto, o também vilão de Alma Gêmea, de Walcyr Carrasco, na Globo.

Fazer dois vilões consecutivamente não preocupa?

Para mim não é um sonho fazer vilão, mas esses personagens têm um DNA mais complexo, mais instigante e desafiador. Fui um menino criado para ter bons costumes, agir para o bem. A maldade sempre esteve do outro lado do muro para mim. Escalar esse muro é uma delícia. Tinha pedido a Deus outro vilão e fui atendido. O Gustavo é o oposto do Guto, menos abissal, contemporâneo, mais sutil. Foi por isso que eu fui para o SBT.

Você também tinha sido sondado pela Record, mas o SBT teve uma oferta melhor de salário... O que foi determinante era eu não ter sido escalado na Globo para nenhuma novela. Claro que a grana que o SBT me ofereceu é ótima. Eu teria invadido o reino da loucura se não aceitasse a oferta deles. Também tenho direito a mordomia, a comprar meu apartamento em Nova York um dia e realmente ser valorizado pelo meu trabalho.

Mas Cristal está com uma audiência baixa e o SBT costuma tirar repentinamente algumas produções da grade. Isso não o preocupa?

Claro! Vim de um parâmetro intergaláctico de audiência com Alma Gêmea, que bateu recorde como a mais alta do horário das seis - obteve 45 pontos de média. O SBT vive um momento delicado e acho que meu personagem ainda não disse muito a que veio. Estou no anticlímax, segurando toda a minha explosão porque o texto não me dá elementos para fazer dele um sucesso na novela. Mas ninguém nunca me prometeu um mar de rosas na minha carreira.

Esse ano você faz dez anos de carreira desde sua estréia em Salsa e Merengue. Como você avalia essa trajetória na tevê? Essa data me dá uma agonia insuportável porque não estou na plenitude plástica dos 25 anos. Já estou descendo a ladeira (risos). Não que eu ache isso tão importante para a carreira. Nessa década, o personagem que me destacou no início foi o Tadeu em Malhação. Tinha acabado de viver um príncipe de conto de fadas com o Antônio de Salsa e Merengue e tive credibilidade também com o Tadeu. Mas a minha virada se deu em Alma Gêmea, meu ápice como ator. Vamos ver depois do Gustavo o que acontece.

Pelo fato do Gustavo ser um ator de tevê o personagem se aproxima muito da sua realidade. Isso dificultou essa composição?

Tem sido uma metalinguagem. Além de interpretá-lo, preciso interpretar também os personagens dele. É uma loucura! São cenas que se desdobram. Ele é um vilão que passa por cima dos outros sem piedade. Vemos pessoas assim todos os dias. Os vilões não se reproduzem, se alastram. É o lado selvagem que temos e controlamos com um cabresto firme (risos).





Fonte: TV Press

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