Estudo científico indica viabilidade da construção da hidrovia Teles Pires-Tapajós
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) apresentou, nesta terça-feira (19), o Plano Nacional de Integração Hidroviária (PNIH), elaborado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O estudo mapeou todas as bacias hidrográficas do país para constatar a viabilidade da implantação de hidrovias – nos aspectos social, econômico e ambiental.
Na Bacia Amazônica, a pesquisa indica a viabilidade da construção da hidrovia Teles Pires-Tapajós para escoar a safra agrícola da região Norte de Mato Grosso. Conforme a pesquisa, a futura hidrovia “deve tornar-se a melhor rota para o escoamento de grãos do centro-norte do Estado de Mato Grosso após a total implantação”.
O PNIH apontou que os dois rios possuem boas condições de navegação, sobretudo o Tapajós, em trecho de 345 quilômetros entre São Luís do Tapajós (PA) até a foz, em Santarém (PA), com profundidade mínima de 2,5 metros. “Mesmo embarcações marítimas de calado bem maior podem adentrar o trecho em épocas de águas altas”, pontua o levantamento.
O segundo trecho navegável, entre as três cachoeiras existentes (Chacorão, São Luis do Tapajós e Rasteira) nos 1.5 mil km de extensão da futura hidrovia, apresenta condições razoáveis de navegação, podendo ser transposto em corrente livre.
O terceiro trecho, entre a Cachoeira do Chacorão, em Jacareacanga (PA), e a confluência dos rios Teles Pires e Juruena – na divisa entre Mato Grosso e Pará -, possui leito predominantemente arenoso e apresenta menores riscos à navegação. “No entanto, as profundidades são reduzidas devido aos numerosos bancos de areia que atravessam o rio, diminuindo a profundidade para um metro e meio”, alerta a pesquisa.
Já no Baixo Teles Pires – entre Sinop e a divisa entre os dois estados, o leito do Teles Pires é predominantemente arenoso e há menores riscos para a navegação. As profundidades, porém, são muito reduzidas nos numerosos bancos de areia que atravessam o rio, restringindo a navegação a embarcações de um a 1,5 metro.
Horizonte Operacional
Porém, o futuro modal para escoar os grãos colhidos na região Norte de Mato Grosso, com carregamento em futuros portos na região de Sinop e Alta Floresta, ainda deve demorar pelo menos 12 anos para sair do papel.
O plano elaborado pela universidade catarinense e a Antaq prevê que, de Itaituba (PA) até a foz do Tapajós, em Santarém, o horizonte da efetiva implantação já se enxerga em 2015. Porém, da confluência dos rios Juruena e Teles Pires até Itaituba, a previsão é que a hidrovia seja implantada até 2025 – mesmo prazo para construção entre Sinop e o encontro com o Juruena.
Avaliação econômica do projeto
As simulações realizadas na pesquisa mostram que o transporte de cargas apresenta um cenário promissor para a Teles Pires-Tapajós, pois há grandes fluxos de produtos (soja e milho) localizados próximo à futura hidrovia, além da escassez de outros modais de transporte.
Somente de grãos produzidos no centro-norte de Mato Grosso, a estimativa é que, a partir de 2025 – quando a hidrovia realmente sair do papel em território mato-grossense – sejam transportadas cerca de sete milhões de toneladas. O Estado produz, atualmente, cerca de 45 milhões de toneladas de soja e milho e, para escoar toda a produção, outros modais precisarão ser usados, como portos hidroviários em Porto Velho e Santarém, além da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste - ainda a ser construída e que possibilitará levar a produção para portos de Itaqui (MA) e Belém (PA).
Não cita as hidrelétricas
A pesquisa, porém, não citou as “trancas” que estão sendo feitas no rio Teles Pires, que são usinas hidrelétricas sem eclusas (mecanismo de elevação de embarcações). Uma barragem está sendo feita em Colíder e outra em Paranaíta. Uma terceira hidrelétrica também deve começar a ser erguida entre Sinop e Itaúba. Nenhuma delas contempla eclusa.
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