Marchas e ameaças da guerrilha antecedem relatório de Fox
Os manifestantes, convocados pelo ex-candidato presidencial esquerdista Andrés Manuel López Obrador, saíram de diversos pontos rumo ao centro da cidade, onde fica a sede da Câmara dos Deputados, cujos arredores estão fortemente vigiados por militares e policiais.
Fox, de 64 anos e que deverá entregar o poder em 1º de dezembro, deve pronunciar seu discurso às 21h de Brasília, mas López Obrador, os legisladores que o apóiam e outros militantes de esquerda anunciaram "protestos sem precedentes" dentro e fora do recinto Legislativo para tentar impedir que isso ocorra.
López Obrador, que contestou judicialmente os resultados das eleições de 2 de julho que deram a vitória ao conservador governista Felipe Calderón, acusa Fox de ter preparado uma fraude eleitoral e "traído a democracia".
O líder de esquerda disse na quinta-feira à noite na praça do Zócalo que hoje mesmo decidirá sobre as ações concretas para sabotar o relatório. Esta praça é próxima à Câmara dos Deputados e é ocupada há mais de um mês por centenas de partidários de López Obrador em uma "resistência civil pacífica" contra a suposta fraude.
O prefeito da Cidade do México, Alejandro Encinas, que, assim como López Obrador, pertence ao Partido da Revolução Democrática (PRD, de esquerda), disse hoje à imprensa que várias estações do metrô foram fechadas.
Encinas acrescentou que mais de cinco marchas de protesto saíram rumo ao centro da capital, o que congestionou ainda mais o tráfego de veículos.
Segundo os organizadores, milhares de militantes do PRD e outras forças de esquerda, professores, trabalhadores, ativistas sociais, estudantes e camponeses participam das manifestações.
Encinas disse que, devido ao fato de a Polícia Federal Preventiva (PFP) e o Estado-Maior Presidencial - um corpo de elite do Exército encarregado de proteger o governante - fecharem ruas e "restringirem a mobilização" dos habitantes do setor, há um "virtual estado de sítio" nos arredores da Câmara dos Deputados.
Além disso, o prefeito acrescentou que a Polícia da capital ajuda na vigilância nos arredores do edifício de San Lázaro, sede da Câmara dos Deputados, e no percurso que o ônibus de Fox deveria seguir para chegar até o Legislativo.
Fontes oficiais disseram hoje à Efe que Fox mantém sua decisão de se deslocar de ônibus a San Lázaro, assistir à instalação do período ordinário de sessões do Parlamento, apresentar seu relatório escrito sobre o estado da Administração Pública e pronunciar um discurso na tribuna do Congresso.
No entanto, os meios de comunicação indicam que o Estado-Maior Presidencial teria recomendado que Fox não assistisse à tribuna dos Deputados devido às manifestações nas ruas e às ameaças dos legisladores do PRD - segunda força na Câmara Baixa -, de sabotar a todo custo o discurso do governante.
Encinas, que não assistirá à apresentação do sexto e último relatório do conservador Fox, disse hoje à imprensa que o México vive atualmente um "clima tenso" devido à disputa pós-eleitoral, à crescente violência dos narcotraficantes e aos protestos de professores e ativistas do estado de Oaxaca.
Além disso, Encinas disse que o ambiente de "tensão política" se agravou com as ameaças do grupo rebelde Exército Popular Revolucionário (EPR) de intensificar sua luta armada em Oaxaca e no estado vizinho de Guerrero, caso o Governo Fox reprima a esquerda mexicana.
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