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Internacional
Sexta - 01 de Setembro de 2006 às 13:24

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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ofereceu dividir com Angola, segundo maior produtor de petróleo da África, a experiência de seu país no setor, em meio a esforços para aprofundar os laços com a "Mãe África" e limitar a influência dos Estados Unidos na região.

Em sua primeira visita a Angola na quinta-feira, o dirigente latino-americano testemunhou a assinatura de um acordo de cooperação bilateral na área petrolífera entre seu país, o quinto maior exportador do produto no mundo, e um dos produtores africanos que mais cresce.

O documento, assinado pelos ministros do Petróleo dos dois países, prevê a cooperação em todos os aspectos do setor, incluindo projetos conjuntos de produção e refino, afirmou uma cópia do texto enviada à Reuters.

Segundo o documento, o acordo pode ser implantado por meio das estatais de petróleo de cada país, a PDVSA, da Venezuela, e a Sonangol, de Angola.

O ministro venezuelano do Petróleo, Rafael Ramirez, disse que o acordo permitira à PDVSA trabalhar pela primeira vez na África, uma região dominada há anos pelas empresas européias e norte-americanas.

Chávez, um político de esquerda contrário aos EUA, disse, em um discurso proferido em Luanda, que o fortalecimento dos laços com Angola era parte de seus planos para ampliar a cooperação sul-sul e contrabalançar a influência dos EUA no mundo.

"Não é verdade, de forma alguma, que o destino do mundo precisa ser determinado por Washington. O mundo pertence a todos nós. Não existe um policial no mundo que precisa nos conduzir pela mão", afirmou Chávez, desenvolvendo um de seus temas favoritos.

Segundo o dirigente, a Venezuela estava abrindo uma embaixada em Angola. Nos últimos 15 meses, o país latino-americano estabeleceu laços diplomáticos com 11 nações africanas.

"Nós amamos a Mãe África", afirmou Chávez, lembrando que os descendentes dos escravos africanos participaram da luta que terminou com o fim do controle espanhol sobre a Venezuela.

Apesar de a Venezuela continuar sendo um grande fornecedor de combustível do mercado norte-americano, Chávez selou várias alianças energéticas e políticas em todo o mundo — com Cuba, o Irã, a Rússia e a China — a fim de enfrentar o que chama de o "imperialismo" dos EUA.

NACIONALISMO

O presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, elogiou os esforços de Chávez em usar o petróleo venezuelano na promoção da justiça social dentro de seu país e de uma ordem econômica mais justa no mundo.

O líder da Venezuela tem sido um dos maiores responsáveis pelo ressurgimento do nacionalismo de recursos energéticos, no qual produtores de petróleo, fortalecidos por uma alta nos preços do produto, tentam renegociar os pactos com as grandes empresas do setor e aumentar seu controle sobre suas reservas.

"Acho que o nacionalismo de recursos energéticos é algo que conquista corações em Angola também", afirmou Nicholas Shaxson, um analista da Chatham House, um instituto de pesquisa de Londres.

"Acho que os angolanos mostram uma vontade política de diversificar suas parcerias internacionais", acrescentou.

Shaxson disse acreditar que a Venezuela, que integra a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), desejava convencer Angola a se tornar membro pleno da entidade.

Alguns observadores especulam que a mais recente visita de Chávez a vários países do mundo, entre os quais a China e a Síria, também visa melhorar as chances venezuelanas de conseguir uma vaga como membro temporário do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

A agência de notícias angolana Angop, ligada ao governo, confirmou que os dois líderes haviam discutido o assunto e que teriam concordado com a necessidade de haver uma reforma do Conselho de Segurança a fim de tornar o órgão mais democrático e mais representativo.

Chávez acusou os EUA de tentar tirá-lo do poder, algo que autoridades norte-americanas negam.





Fonte: Reuters

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